O campeonato português 2010/11 dá hoje o pontapé de saída. Arranca já sem Bebé, mas parte marcado por essa atmosfera de conto de fadas que nos proporcionou a surpreendente transferência do jovem gaiato a quem bastaram cinco jogos de pré-época para convencer o poderoso Manchester United a pagar nove milhões de euros. A história enternecedora de Bebé surgiu, por isso, na hora certa para nos definir a perspectiva com que olhamos para este imenso relvado de ilusões que é o futebol português. E este, por muito mal tratado que seja (e é) ano após ano, mostra que é um terreno fértil para cultivar os sonhos que alimentam a vida de qualquer futebolista com talento e vontade de chegar ao topo. Bebé é só o último e mais 'romântico' dos exemplos. Mas também houve Eduardo, Bruno Alves, Miguel Veloso, Di María, Ramires... nomes que fizeram deste o mais rentável dos campeonatos europeus no mercado de transferências (ver páginas 32/33). Claro que ainda se sente o mau cheiro do caso Queiroz, como é óbvio que as polémicas, as acusações, os jogos rasteiros de poder e os túneis ou becos mal frequentados vão continuar a fazer parte do futebol cá do burgo (não o fazem de todos os burgos, afinal?), muito provavelmente já na 1.ª jornada. Mas é reconfortante saber que por cada "sujidade" dessas haverá um Bebé pronto a nascer nos relvados. E essa é uma boa perspectiva para olhar o campeonato. .P. S. Outra perspectiva tem a ver com os clubes e as suas relações de forças. E aqui, se na época passada o Benfica de Jorge Jesus começou a "ganhar" o título na pré-época, nesta parece pelo menos ter perdido o "embalo" para uma dinastia anunciada. Por erros próprios e por méritos dos restantes candidatos, entre os quais parece seguro voltar a incluir o Sp. Braga.