RTP1 'desenterra' tesouro de 400 anos

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A aventura de resgatar o tesouro naufragado ao largo de Moçambique há quase 400 anos tem sido dura, um teste à persistência que se mantém na actualidade. A expedição ganha contornos novos à medida que os artefactos são arrancados às profundezas. E o sonho ainda não acabou: vive nos esforços da Arqueonautas e no documentário inédito Lost of Mozambique, que a RTP1 estreia hoje às 19.00.

"A parceria com Moçambique começou em 1999, mas só em Abril de 2005 é que teve início a escavação (e recuperação) da nau São José", conta ao DN Niki Graf Sandizell, responsável da Arqueonautas - a sociedade portuguesa de arqueologia subaquática que encabeça este projecto histórico de "caça" científica ao tesouro.

Os registos da época dão conta de uma violenta batalha que afundou as naus e, com elas, as riquezas orientais carregadas nos porões e as cestas de moedas de prata que o rei Filipe II de Portugal terá entregue a Francisco da Gama, recém-nomeado vice-rei da Índia pela segunda vez.

"A embarcação, datada de 1622, fazia parte da armada que transportava de Lisboa para Goa o bisneto de Vasco da Gama", confirma Sandizell. Aproveitando para fazer luz sobre o real valor desta aventura luso-africana: "A importância social dos protagonistas e a história do seu destino trágico, a imponência e o valor histórico da embarcação e a sua preciosa carga conjugam-se para fazer da operação de recuperação, salvamento e conservação um acontecimento de grande importância no panorama da arqueologia subaquática a nível mundial."

Do espólio, dizem os especialistas que mais de 140 mil moedas de prata continuam perdidas nas águas da província moçambicana de Nampula, enquanto os artefactos recuperados estão avaliados em cerca de quatro milhões de euros. Um atractivo ímpar para os saqueadores sem escrúpulos e as pilhagens clandestinas que muito preocupam os estudiosos.

"Porque não estava a conseguir proteger a sua herança marítima, o Governo pediu-nos que identificássemos os navios naufragados de modo a recuperá-a e classificá-la", refere o responsável, confiante de que a Arqueonautas está no bom caminho para salvar a lenda. Lost of Mozambique documenta hoje a acção. Nem tudo está perdido.

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