Rossini só precisou de 24 dias para casar a Cinderela e o príncipe
Após o Barbeiro de Sevilha, a ópera de Rossini que mais imediatamente nos ocorre é quase sempre La Cenerentola (italiano para Cinderela/Gata borralheira), estreada em Roma em janeiro de 1817 e que depressa obteve um sucesso comparável ao de O Barbeiro, estreado na mesma cidade, 11 meses antes.
Esta "Cinderela-feita-ópera" estreia amanhã no São Carlos, com o meio-soprano de coloratura Chiara Amarù na protagonista, ela que tem cantado esta ópera por toda a Itália nos últimos quatro anos e vem colecionando papéis rossinianos [ouvimos-lhe uma Rosina (de O Barbeiro) no Massimo de Palermo em 2013]. Ela logo declara: "É a primeira vez que canto no estrangeiro!" O que significa que Lisboa será o início de um longo e bonito percurso para esta jovem (tem 30 anos) palermitana...
"Não conhecia esta encenação", diz, a respeito do trabalho de Paul Curran, criado para o San Carlo de Nápoles em 2004 - "mas gosto do modo como ele usa a cor e as luzes; os figurinos são lindos e os cenários também são muito bonitos". A Angelina "é o papel que mais vezes cantei e foi, aliás, com ele que me estreei a sério em ópera, em 2011, no Comunale de Bolonha!". Mas a sua ligação ao papel não se fica pe- lo simbólico: "Acho que a Cenerentola, dramatúrgica como musicalmente, é a ópera que mais remete para o meu estado anímico e personalidade reais, pelo que, digamos, é-me muito natural fazê-la."