Roménia e Portugal, um século de relações diplomáticas bilaterais. Balanço e perspetivas para o futuro
O ano de 2017 tem um significado especial para a história da Roménia e de Portugal, sendo aquele em que celebrámos 100 anos de relações diplomáticas bilaterais entre os dois países. O ano do centenário foi assim o ponto alto que reflete plenamente o nível de excelência do diálogo entre os nossos países, tanto em plano bilateral como no europeu e internacional. É uma relação firmemente construída ao longo do tempo sobre afinidades históricas e culturais, e sobretudo com base no núcleo comum da nossa latinidade, uma relação que nos confere umas ótimas premissas para o futuro.
A nível bilateral, 2017 foi de grande dinâmica, traduzida em visitas oficiais de numerosos dignatários tanto em Portugal como na Roménia. As relações económicas e as trocas culturais entre os dois países atingiram o seu ponto mais alto e a comunidade romena residente em Portugal - a quarta mais numerosa - está hoje mais integrada do que nunca.
Sabemos que a cultura une os povos. E foi por isso que, para assinalar este centenário, a Embaixada da Roménia em Lisboa, juntamente com o Instituto Cultural Romeno, desenvolveu, ao longo de cada mês deste ano, um programa-maratona de manifestações de diplomacia pública e promoção cultural, sob o título "12 capítulos da criatividade romena em Portugal".
Os 12 capítulos tinham como objetivo despertar na consciência do público português a criatividade romena, tanto na sua dimensão contemporânea como histórica: Filme: Um Século de Cinema Romeno, na Cinemateca Portuguesa; Literatura: Lisboa Lê Romeno - maratona de leitura da literatura romena traduzida em português; Teatro: A Lição de Eugène Ionesco no Teatro Meridional de Lisboa; Escultura: Obra monumental Middle Way, do artista Bogdan Ratã, na baía de Cascais; Pintura: exposição Fikl. Portuguese Storylines, no Palácio Nacional da Ajuda; Dança: #wandering Alfama - cidadãos, turistas foram convidados a descobrir Alfama através dos olhos e dos passos do coreógrafo Cosmin Manolescu; Música: concerto do quarteto Ad Libitum, liderado por Alexandru Tomescu, no Festival Internacional de Música de Marvão; Arte fotográfica: exposição de fotografia New Energy, de Mircea Albutiu. O ensaio fotográfico resultou de imagens captadas durante os ensaios do espetáculo Amor Amores, do famoso coreógrafo romeno Gigi Cãciuleanu; Joalharia: exposição de joalharia Found.Lost.Found, comissariada pelo designer David Sandu, uma reinterpretação moderna das fabulosas joias dácias; Arquitetura: exposição fotográfica Roménia Nobre e Real, de José Luís Jorge, destacando residências da família real romena, no Instituto Cultural Romeno; Arqueologia: a exposição Ouro Antigo. Do Mar Negro ao Oceano Atlântico, um diálogo arqueológico e artístico dos artefactos milenares dos dois países, através do qual foi destacada a estreita comunhão de valores entre a Roménia e Portugal, no Museu Nacional de Arqueologia; Tradições romenas: concertos de cânticos romenos de Natal no Museu Nacional de Arqueologia, interpretados por Maria Rãducanu e Krister Jonsson.
A nossa celebração foi coroada pela edição de um álbum comemorativo bilingue, destinado a um público diverso: Roménia-Portugal 100 Anos desde o Estabelecimento das Relações Diplomáticas Romeno-Portuguesas, no qual destacamos os momentos e os nomes mais relevantes que marcaram um século inteiro de diálogo diplomático e cultural entre a Roménia e Portugal.
No momento do fecho deste ano de extrema importância para a relação bilateral, a Roménia mantém patentes em Lisboa duas exposições: Roménia Nobre e Real, até 9 de janeiro de 2018, na Galeria do Instituto Cultural Romeno, cujo ponto de partida constituiu as estreitas relações de família existentes entre as casas reais da Roménia e de Portugal, sendo composta por 40 fotografias de algumas das residências da família real romena, verdadeiras joias da arquitetura. O seu autor, o fotógrafo José Luís Jorge, grande conhecedor e amigo de longa data da Roménia partiu na aventura que o levou a descobrir aquilo que ele chama de "pequenos paraísos escondidos", depois de ter encontrado "enterrado" num arquivo um dos jornais de Fernando Lara Reis, o maior viajante português do século XX, que numa deslocação à Roménia conheceu a rainha Maria, a quem, num dos seus jornais, considera "a mais bonita rainha de todos os tempos".
A segunda exposição, Ouro Antigo. Do Mar Negro ao Oceano Atlântico, patente até ao próximo dia 29 de abril de 2018 no Museu Nacional de Arqueologia, é uma iniciativa cultural sem precedente, composta por peças icónicas de ouro antigo pertencentes ao tesouro da Roménia, entre as quais as braceletes dácias de Sarmizegetusa - parte de uma das mais significativas descobertas arqueológicas do século passado na Europa -, o elmo principesco de Cotofenesti, a patera do tesouro de Pietroasele, uma aplicação do segundo túmulo principesco de Apahida, o rhyton de Poroina Mare e o delicado anel de ouro com camafeu em sardónica, prova da mestria dos artífices romanos.
Todos estes eventos relevantes, desenvolvidos no âmbito da celebração do centenário das relações bilaterais, antecedem, de modo muito feliz, um outro momento simbólico para a Roménia: a celebração, em 2018, do Centenário da Grande União do país sob a liderança do Fernando I da Roménia, o Integrador, filho de Infanta Dona Antónia de Bragança.
Embaixadora da Roménia em Portugal