Apontada como a maior empregadora nacional da indústria do calçado, a empresa já tinha sugerido o despedimento de 400 a 450 operários, mas em finais de Novembro deu início à redacção de um novo plano de viabilização, como acordado na assembleia de credores que integra apenas pessoal da fábrica, já que a Rohde não tem dívidas para com outras entidades..Em cima da mesa está agora não só o despedimento de 834 operários, mas também a venda de todo o património da empresa para pagamento de 13 milhões de euros em direitos dos trabalhadores e, logo depois, a criação de uma nova unidade que começará por funcionar apenas com as 150 pessoas poupadas ao desemprego..Para Fernanda Moreira, do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, a venda de património como garantia do pagamento das indemnizações ao pessoal da fábrica é "um aspecto positivo", mas, no geral, o atual plano de viabilização da Rohde "é pior do que o primeiro".."Além de mandar mais gente para o desemprego, deixa muitas coisas por esclarecer", justifica a sindicalista. "Não diz quais são os trabalhadores que ficam e quais os que saem, nem explica em que condições é que entram para a nova empresa as 150 pessoas que continuam em funções". .O que Fernanda Moreira sabe é que, no seu primeiro ano de actividade, a nova firma ocupará as actuais instalações da Rohde e funcionará apenas com "contratos a recibo verde". Passados esses 12 meses, a empresa terá que mudar-se para uma sede própria e, caso a consolidação da nova marca justifique mais postos de trabalho, "será dada prioridade aos antigos funcionários da Rohde". .Fernanda Moreira aguarda o agendamento da próxima assembleia de credores para discussão do futuro da empresa, mas adianta já: "Os trabalhadores estão revoltados com esta situação. Acham que este plano de viabilização é pior do que outro e que os administradores da Rohde andaram estes meses todos a brincar com eles"..A funcionar em Santa Maria da Feira desde 1975, a Rohde vem enfrentando dificuldades desde Março de 2007, quando se deu a falência da sua empresa-mãe, sediada na Alemanha. .Face a uma crescente quebra de encomendas, em 2008 e 2009 aplicou ao seu pessoal sucessivas suspensões temporárias de trabalho (lay-off), acabando por avançar para um processo de insolvência a 17 de Setembro de 2009.