Rohde avança para 'lay-off' e com pedido de insolvência

A suspensão dos contratos deverá atingir, numa primeira fase, cerca de metade dos quase mil trabalhadores, alargando-se depois aos restantes.<br />
Publicado a
Atualizado a

A administração da fábrica de calçado Rohde, em Santa Maria da Feira, pediu a suspensão dos contratos de trabalho por dois meses e vai iniciar, "rapidamente", o processo de insolvência.

A maior empregadora nacional do sector, com 984 funcionários, está a ser administrada por um gestor judicial alemão e três procuradores portugueses, desde a falência da casa-mãe, em Maio de 2007. As decisões foram comunicadas ao Governo português no domingo e o Ministério da Economia ter-se-á mostrado interessado em encontrar uma solução para evitar o encerramento da fábrica inaugurada em 1975.

Segundo fonte sindical, o lay- -off, ainda sem data de início por aguardar autorização do Ministério do Trabalho, deverá abranger metade dos trabalhadores, 80% dos quais mulheres (costureiras). A medida, que não era esperada, foi comunicada aos operários ontem de manhã, no regresso de férias, pelos responsáveis locais da unidade portuguesa.

De acordo com a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Calçado do distrito de Aveiro, o lay-off, aceite pela generalidade dos operários, deve-se à falta de encomendas, que ditará a paragem, nos próximos dias, de vários sectores. "Depois devem alargar a suspensão dos contratos aos restantes, à medida que fiquem sem trabalho", disse Fernanda Moreira.

Paralelamente, está a ser preparada a entrada no Tribunal de Santa Maria da Feira do pedido de insolvência da filial portuguesa, com a consequente nomeação de um gestor judicial português. "O objectivo é que apareça algum projecto de recuperação da empresa", explicou a sindicalista.

Os representantes dos trabalhadores vêem neste processo a "última esperança" de aparecer um investidor "que pegue na empresa e evite o fecho", acrescentou Fernanda Moreira, desconhecendo, contudo, algum interessado.

O gestor judicial da casa-mãe, na Alemanha, já se pôs à margem da viabilização da fábrica portuguesa, que, sem ter dívidas avultadas por saldar, enfrenta já dificuldades de tesouraria para satisfazer os gastos correntes, incluindo salários. Ultimamente, a fábrica tem dependido muito de subcontratação, mesmo de empresas nacionais, quando antes da sede entrar em falência exportava toda a sua produção para a Alemanha.

O sindicato pretende que o Governo português ajude a encontrar uma solução para evitar o cenário mais temido, o encerramento, bem como "garantias" do Ministério do Trabalho em relação à "legalidade" da suspensão dos contratos de trabalho.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt