Rodrigo Santoro continua o namoro com Portugal

Terminou a rodagem da série de Vicente Alves do Ó para a RTP, "Solteira e Boa Rapariga" (estreia-se no final do ano), com Lúcia Moniz. A estrela brasileira Rodrigo Santoro aparece num episódio gravado em Lisboa. Mas o ator que já conquistou Hollywood quer mais, quer fazer cinema. E não esconde favoritos
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Lúcia Moniz e Rodrigo Santoro. Um belo casal de cinema? Não é bem assim, apesar de já terem estado no mesmo filme, O Amor Acontece (2003), de Richard Curtis, comédia romântica que hoje faz figura de filme de culto mainstream. Nesse filme acabaram por não contracenar e ficaram amigos. 15 anos depois é a televisão que os junta em Solteira e Boa Rapariga, série da RTP dirigida por Vicente Alves do Ó e produzida por Pandora da Cunha Telles.

São 26 episódios em que a protagonista é sempre a atriz cantora portuguesa, a história de uma mulher solteira na Lisboa dos nossos dias. Uma mulher à procura de romance e que em cada episódio se envolve com um homem diferente. Rodrigo Santoro é um deles, um estrangeiro que passa por Portugal. A participação do ator brasileiro com maior currículo em Hollywood foi sempre algo que estava predestinado. Há muitos anos, Santoro disse publicamente que um dos seus objetivos era um dia trabalhar em Portugal num projeto português.

Não foi fácil mas finalmente aconteceu: "Aí está! Era algo que andava há muito a namorar... Faz hoje um ano, vim a Portugal para conhecer as pessoas, alguns produtores e alguns realizadores. Foi uma viagem de dez dias em que fui ao Norte, ao Sul e pude conhecer algumas zonas. Obviamente, surfei em Peniche, e ficou claro que tinha de trabalhar em Portugal. Só não sabia se iria ser uma peça de teatro ou um filme. Queria fazer cinema mas percebi que, tal como em qualquer lugar do mundo, fazer cinema independente é difícil..."

Cinema ainda não foi o caso, quanto mais não seja porque o convite para esta série veio mesmo de Lúcia Moniz, que acreditou que Rodrigo Santoro era perfeito como um dos seus muitos namorados nesta saga romântica: "Depois de O Amor Acontece sempre estive em contacto com ela. Quando vinha a Portugal visitava-a sempre. E agora ela fez-me esse convite muito carinhoso, avisando-me que era uma participação muito especial em todos os sentidos. Além do mais, a equação parecia perfeita: uma série com a Lúcia e dirigida por alguém vindo do cinema do qual o nome não me era estranho... A Lúcia, devo dizer, é uma artista muito sensível", conclui.

Rodrigo descreve Solteira e Boa Rapariga como "dramedy: é um drama contado com sentido de humor. A série tem mesmo muito humor mas não é nada óbvio, tendo também questões bem humanas. A personagem Carla, interpretada pela Lúcia, é extremamente carismática e graciosa. Creio que toca temas contemporâneos que todos nós vivemos, não só as mulheres".

Além de Santoro, alguns dos namorados de Carla são interpretados por atores como Pedro Giestas, Nuno Pardal, Pedro Lamares, Eurico Lopes ou José Pedro Vasconcelos. As peripécias da personagem desenrolam-se em pontos de encontro como um restaurante japonês, o jardim zoológico, uma galeria de arte, entre outros cenários. Carla é alguém que nunca desiste de procurar o homem ideal e a personagem de Rodrigo Santoro é um estrangeiro em Portugal que se envolve com ela. E como o ator está habituado a um sem-número de sotaques, o seu português não vai ser propriamente o típico brasileiro: "O que se vai perceber é que ele não é de Portugal, mas confesso que gosto mesmo de trabalhar com os sotaques, é algo que me estimula. De alguma forma, o que gosto realmente é de aprender, de me expandir. Isso transforma-me e coloca-me num lugar de desenvolvimento. Um artista tem de estar sempre a adaptar-se."

Além das questões da linguagem, ao longo da sua carreira, Rodrigo também tem sido perito em transformações físicas radicais: perdeu muito peso no presidiário de Bicho de Sete Cabeças (2000), de Laís Bodanzky, ficou com trejeitos femininos em Carandiru (2003), de Hector Babenco, e em Eu Amo-Te Philip Morris (2009), de Glenn Ficarra e John Requa, com maneirismos andróginos em 300 (2006), de Zack Snyder.

"O que mais me apavora é fazer coisas muito confortáveis. Odeio a inércia! A vida é muito curta para ser pequena", diz-nos de peito cheio, dando o exemplo do seu novo filme, Un Traductor, de Sébastian Barriuso e Rodrigo Barriuso, coprodução entre o Canadá e Cuba, no qual interpreta um cubano que fala russo, papel que o obrigou a aprender a língua.

Sobre o cinema brasileiro, avisa que o tema é delicado e que a própria situação do país não ajuda: "Nunca vi o Brasil num momento tão difícil! Mas da dor costumam vir coisas geniais... Não tarda e está aí um filme brasileiro que vai rebentar num festival." Para já, Rodrigo espera agora também ser convidado para um filme português, referindo ter admiração por Miguel Gomes.

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