Roda-gigante como em Coachella? Não, como no Sudoeste

Enquanto a música não começa, há divertimentos disponíveis, que por vezes mais parece um parque de diversões, com roda-gigante, carrossel e até uma discoteca suspensa
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Vê-se a quilómetros de distância e é desde há muito uma das imagens de marca do festival Sudoeste. Não é por isso de admirar que, mal as portas se abram, se formem desde muito cedo imensas filas para dar uma volta na roda-gigante. Aliás, uma não, cinco, que é aquilo a que se tem direito, como recompensa pelo tempo de espera, cada vez mais longo à medida que a tarde avança e se entra noite dentro.

O que poucos saberão é que foi aqui, no Sudoeste, que um dos maiores e mais famosos festivais do mundo, o americano Coachella, tirou a ideia de colocar uma roda- -gigante no recinto. A revelação foi feita ao DN por Luís Montez, patrão da Música no Coração, a empresa que desde há 20 anos organiza o festival. "Foi em 2007, no ano em que os Arcade Fire foram pela primeira vez ao Super Bock Super Rock, que na altura se realizava no Parque Tejo, em Lisboa. A dada altura sou chamado por um elemento da segurança, para me dizer que estava uma senhora à porta, que dizia ser amiga dos Arcade Fire", lembra. Era nada mais nada menos que a diretora do Coachella, que estava de férias em Lisboa a aproveitou para ir ver o concerto dos amigos Arcade Fire.

Luís Montez convidou-a então para se deslocar também, nesse ano, ao Sudoeste, onde já então reluzia a famosa roda-gigante, que a empresária americana replicou também no deserto da Califórnia, tornando-se, a partir daí, também um dos maiores símbolos do famoso festival. "A nossa roda-gigante é hoje o elemento mais fotografado e partilhado do Coachella", sublinha com orgulho o empresário português, que desde então recebe todos os anos um envelope com dez convites VIP para o festival americano. "É uma espécie de pagamento pelos direitos de autor", conta, divertido, Luís Montez.

Este ano, porém, a roda-gigante tem concorrência de peso no que às longas filas diz respeito. Afinal não é todos os dias que se tem a oportunidade de dançar numa discoteca suspensa por uma grua, a dezenas de metros do chão - nem que seja por apenas cinco minutos. "Cuidado com os telemóveis, se caírem lá para baixo, já eram. Espalhem-se pela pista e dancem à vontade", aconselha o animador de serviço da discoteca suspensa, ao receber mais um grupo de festivaleiros. A subida dura cerca de um minuto e meio (tal como a descida) e a experiência não vai além dos cinco minutos, durante os quais a maior parte está mais preocupada em tirar fotos do que propriamente em dançar. Ainda assim, Bruno Madeira, o produtor da empresa Hipnose e responsável pelo equipamento, não tem dúvidas do sucesso do mesmo. "A fila, que já quase atravessa o recinto, mas não posso encurtar para menos de cinco minutos, senão passa demasiado depressa e nem se aproveita a experiência", refere.

Cada subida tem uma lotação máxima de 40 passageiros, que chegam a cerca de 1400 por dia. Números que inicialmente preocuparam Bruno, mas sem razão. "Tem corrido muito bem. As pessoas respeitam as nossas indicações e não tivemos qualquer problema, mas o piso transparente também impõem um certo respeito", diz com humor.

Durante a tarde e enquanto a música não começa, todo o recinto (campismo incluído) se transforma num megaparque de diversões, com um pouco de tudo a acontecer por todo o lado. Há carrosséis, mesas de matraquilhos e um sem fim de jogos e passatempos, organizados pelos inúmeros patrocinadores do festival, que, em troca da participação do público, oferecem toda uma panóplia de brindes, alguns deles bastante procurados, como as almofadas e os colchões de ar, perfeitos para uma sesta na praia depois de uma noite a dançar.

Depois há também as pinturas faciais, as tatuagens temporárias, os chapéus de palha de estilo cowboy e as T-Shirts customizadas. Junte-se isto tudo numa só pessoa e tem-se uma imagem perfeita da moda verão 2017 do Meo Sudoeste. Entretanto, do outro lado do recinto, na ponta oposta à roda-gigante, uma outra fila se começa a formar, em frente a uma espécie de bungee jumping invertido, em que os temerários festivaleiros são projetados pelo ar através de uma fisga gigante. Depois de longos minutos na fila, chega finalmente a vez de Susana. Tem 31 anos e é a primeira vez que experimenta algo do género ou se calhar não, porque, por questões de segurança, há que ter um peso mínimo, que Susana não tem. "Bem, pelo menos fiquei a saber que sou elegante."

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