Rock, soul e os 1975 a abrir três dias de música

No primeiro dia do festival, o Passeio Marítimo de Algés compôs-se cedo com os fãs dos 1975. Com Robert Plant chegou a primeira viagem pela história do cartaz
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No dia de Pixies e The Chemical Brothers, o dia começou com a pop dos britânicos 1975, embalou com o rock dos escoceses Biffy Clyro, mas só animou verdadeiramente com a explosão soul e funk dos norte-americanos Vintage Trouble. Pelo meio houve ainda tempo para a nostalgia com Robert Plant, que fez valer alguns dos clássicos dos Led Zeppelin para fazer história.

Há muito que é sabido o poder que uma simples t-shirt pode ter na indústria da música e se por mais não fosse, a camisola dos metaleiros Cannibal Corpses ostentada por Matthew Healy, o vocalista e guitarrista dos britânicos The 1975, mereceria, só por si, um prémio pela ironia. Afinal, num dia marcado pelas sonoridades rock (ainda faltava muito para chegarem os The Chemical Brothers), o coletivo de Manchester, a quem coube a abertura do palco principal, provou que a pop continua a ser uma língua franca sempre entendida por todos, quando assumida enquanto tal.

Sim, é certo, as filas da frente estavam muito mais compostas por fãs oriundos das ilhas britânicas, mas temas orelhudos como Love Me, Someone Else ou A Change of Heart não deixaram ninguém indiferente, juntando uma pequena multidão em frente ao palco, o que não deixa de ser um feito para uma banda a tocar às seis da tarde. Mas é verão, o sol brilha e esta é a banda sonora perfeita para um fim de tarde junto ao Tejo - ou à "beira mar", como dizia um apaixonado casal anglófilo, descalços e deitados no chão, entre beijos apaixonados ao som do lânguido saxofone dos The 1975.

Foi já com o público bem mais composto que os escoceses Biffy Clyro subiram ao palco NOS, para um concerto construído à volta dos mais básicos clichés do rock. Mas que funciona sempre, mesmo sem t-shirt (o vocalista estava em tronco nu, a exibir um tronco pintado de tatuagens), como se viu pela reação eufórica do público, embora, mais uma vez, fossem os anglo-saxónicos a puxar mais pela banda.

Ok, três músicas depois era tempo de rumar até ao palco Heineken, onde por esta altura os norte-americanos Vintage Trouble faziam a festa. Não haveria aliás nome mais perfeito para esta banda, tal o quase tumulto que provocou no, sempre erradamente, denominado palco secundário, onde já é tradição terem lugar alguns dos melhores concertos do festival, como mais uma vez aconteceu neste final de tarde. Impecavelmente vestido de fato beije, o vocalista Ty Taylor revelou-se um autêntico animal de palco, incitando a populaça à loucura. E eram cada vez mais os que chegavam e ficavam - por alguma razão já foram convidados para fazer as primeiras partes de pesos tão pesados como The Who, AC/DC ou The Rolling Stones. "Vamos fazer uma festa e dançar?" Perguntou a dada altura, sem qualquer tipo de retórica, antes de ser engolido no meio da multidão, para reaparecer, do outro lado do recinto, já sem casaco e com uma bandeira portuguesa às costas.

"Mais alto, mais alto", pedia em bom português Ty Taylor, antes de se atirar para os braços do povo, que o transportou até ao palco numa épica sessão de "crowd surfing", antes de se atirarem a uma épica interpretação de Run Baby Run, onde por momentos se condensa toda a história da música popular, por entre blues, funk, rock e toda a gente a dançar.

E já que se fala em história, é novamente tempo de debandar para o palco principal, onde já falta pouco para começar o concerto de Robert Plant. Porque é de história que se fala quando se ouvem temas como Black Dog, Rain Song ou a lendária A Whole Lot of Love. E eram tantas as t-shirts dos Led Zeppelin, ontem, no recinto do Alive - sempre elas, as t-shirts...

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