Rir com poesia, contos e blogues

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Livro. 'Antologia do Humor Português' reúne textos de 1969 até hoje

Obra é apresentada amanhã, às 21.30, na Casa Fernando Pessoa

Como é que se junta no mesmo livro poemas de Jorge de Sena, Nilton, o mais antigo stand up comedian da nossa praça, O Meu Pipi, blogue anónimo que deu em livro desbocado e polémico, e Nuno Bragança, o celebrado autor de A Noite e o Riso?

Isto só podia acontecer em Antologia do Humor Português, uma obra encomendada, há três anos, pela Texto Editora a Nuno Artur Silva. O director das Produções Fictícias acaba por partilhar a autoria com Inês Fonseca Santos e o resultado é uma antologia que reúne textos humorísticos que foram editados em livro desde 1969. Como explicam os autores na introdução: "Ficam de fora os textos para televisão, as peças de teatro, as letras de canções, as crónicas de jornal, os blogues, que não tenham sido compilados e editados em livro. Ficam de fora igualmente cartoons, tiras e BD que, por terem imagem, fazem parte de um outro universo." Além disso, de entre os textos editados, ficam ainda a faltar alguns "antologizáveis", quer porque os autores não aceitaram participar (como José Vilhena ou António Lobo Antunes) quer porque se tornou impossível recolher os textos em questão (como aconteceu com o jornal satírico O Fiel Inimigo).

Mesmo sem as letras dos Ena Pá 2000 nem as pérolas publicadas n'O Independente, o que sobra é bastante e muito bom. Lá estão coisas tão distintas como os Contos do Gin-Tonic, de Mário Henrique-Leiria, o Soneto ao deputado Morgado, de Natália Correia e, claro, Alexandre O'Neill, Cesariny, Luís Pacheco, Dinis Machado, Alberto Pimenta ou Mário de Carvalho.

Mas há mais. Diálogos de As Bodas de Deus, de João César Monteiro, Coca Cola Killer, um curioso livro do maestro António Victorino D'Almeida, poemas de Adília Lopes, os textos do memorável programa de rádio Pão com Manteiga (de Carlos Cruz, Mário Zambujal e outros), o Zezé e o Toni do Livro da Treta, os Gato Fedorento e o Inimigo Público.

Os autores assumem, sem medo, o "peso excessivo dos autores recentes", sobretudo dos que estão ligados às Produções Fictícias. "Estamos completamente comprometidos e sem distância nesta escolha subjectiva", reconhecem. E ainda bem. Aos leitores só pedem que se divirtam a ler. Se isso acontecer o objectivo estará cumprido.

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