Rios livres de barragens são só um terço e em regiões remotas - estudo
A conclusão resulta da primeira avaliação global da localização e extensão dos rios que correm livremente, que sublinha a grande degradação observada e alerta para a redução drástica dos benefícios dos rios saudáveis, para as pessoas e para a natureza.
Uma equipa de 34 investigadores da Universidade McGill, no Canadá, e da organização ambientalista World Wildlife Fund (WWF, Fundo Mundial para a Natureza), entre outras instituições, avaliou a conectividade de 12 milhões de quilómetros de rios em todo o mundo.
Os investigadores concluíram que apenas 21 dos 91 rios do mundo com mais de mil quilómetros de extensão que originalmente corriam livremente para o mar ainda o fazem hoje. Os rios que permanecem livres estão circunscritos a regiões remotas do Ártico, da Bacia Amazónica e da Bacia do Congo.
"Os rios do mundo formam uma intricada rede com ligações vitais à terra, às águas subterrâneas e à atmosfera", disse Gunther Grill, do departamento de Geografia da universidade canadiana.
O cientista salientou que os rios de fluxo livre são importantes para os seres humanos e para o ambiente, mas que são cada vez mais raros, especialmente devido às barragens.
O estudo estima que existam cerca de 60.000 grandes barragens em todo o mundo, e em construção ou planeadas estão mais 3.700 barragens hidroelétricas.
Michele Thieme, cientista da WWF especialista em ecosistemas de água doce, disse que os rios têm benefícios que são muitas vezes esquecidos e desvalorizados. Rios saudáveis sustentam peixes que melhoram a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas, fornecem sedimentos que mantém os deltas acima do nível da água do mar, mitigam o impacto das inundações e secas extremas e sustentam uma grande biodiversidade.
Segundo o estudo agora divulgado, uma análise recente de 16.704 populações da vida selvagem mostrou que as populações de espécies de água doce sofreram o maior declínio de todos os vertebrados nos últimos 50 anos, caindo cerca de 83% desde 1970.