Rio e Santana, os "políticos genuínos" que Sofia admira

A advogada e jovem cabeça de lista pelo distrito do Porto às legislativas diz que o governo de Costa está "desgastado" e que os sociais-democratas têm propostas reformistas para o país.
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Andava no secundário, hoje terceiro ciclo, e tinha duas opções para escolher: filosofia ou psicologia. Fez um abaixo assinado à direção da escola porque queria ter a possibilidade de estudar ciência política e conseguiu mesmo pôr metade da turma com esta opção. Sofia Matos, agora com 31 anos e que Rui Rio escolheu para cabeça de lista do PSD pelo Porto, já trazia esse bichinho da política de uma família em que os pais eram militantes do partido na Trofa. A terra natal e o pai foram determinantes para o que se seguiu.

Aos oito anos, pela mão do pai, juntou-se a "mais dez mil trofenses" para apoiar a subida da Trofa a concelho, o que aconteceu naquele ano de 1998. "Somos um povo muito ligado às nossas raízes e muito atento ao escrutínio dos políticos", garante a deputada social-democrata. E a ligação de tudo isto ao pai? "O meu pai nunca foi dirigente, mas um militante muito dedicado do PSD da Trofa e passou-me essa vontade de fazer alguma coisa pela coletividade, pelo concelho e pelas pessoas".

A entrada na política não foi direta, ainda teve apelo e agravo. Sofia Matos entrou em Direito, sem estar ligada a nenhum partido e tinha uma preocupação. "Queria ser advogada desde pequena e também fazer política. Tinha a noção que se fosse advogada podia fazer política e se fosse só política podia não ter independência", sublinha. É por isso que ainda fez o estágio na Ordem dos Advogados e teve "excelente" nota. "A política é volátil", diz e faz apelo às recentes eleições internas do partido para reconhecer que "se tivesse apoiado Paulo Rangel poderia não ter integrado as listas..."

Só nas europeias de 2009 conhece o então presidente da JSD da Trofa e é convidada a participar numa reunião, que a transporta para a "jota". Passado um ano é candidata à concelhia da JSD e seis anos mais tarde à distrital. Em 2020, quando terminou o seu mandato, decide concorrer à liderança da JSD contra Alexandre Poço. "Perdi por 40 votos", diz, sem sombra de arrependimento por se ter aventurado.

Ao contrário de Poço (que esteve com Rangel), sempre apoiou Rui Rio e envolveu-se na campanha pela reeleição do presidente social-democrata. E porquê? Tem argumentos de identificação.

Rio, assegura, tem "coragem de dizer o que pensa, de ser ele próprio e de não ceder ao mainstream". Junta a isso a "visão reformista que tem para Portugal". Sofia Matos argumenta que "Paulo Rangel, por exemplo, pedia uma maioria absoluta sabendo que isso é praticamente impossível e que para existirem reformas é preciso acordos com o PS". Coisa que Rio assumiu sem rebuço. "A coragem de Rui Rio não é de hoje, basta ver quando desejou boa sorte a António Costa no combate à pandemia e colocou a oposição ao serviço do país. Chocou alguns e até foi referência a nível internacional por isso".

"Não faz as coisas por lhe dar jeito", afirma, e é com essa "coerência" que se diz identificar totalmente. "É o que é", assegura Sofia Matos, que já tinha sido candidata nas lista do PSD do Porto em 2019, mas não numa posição tão destacada e com a "responsabilidade gigantesca" que tem agora de estar à frente do próprio Rio na lista pelo distrito.

"Quando me perguntavam onde iria estar nesta eleição interna e com a expectativa toda de Paulo Rangel ganhar, respondi sempre da mesma forma, a de que não havia outro lugar onde pudesse estar senão ao lado de Rio. Tenho coluna vertebral e não importava se ia perder ou ganhar", diz.

Parte para a campanha eleitoral com a convicção de que "o governo está muito desgastado", mesmo depois de "António Costa ter beneficiado da empatia do eleitorado durante a pandemia". E, afirma, "o PS nos últimos sete anos navegou à vista e o modelo da geringonça está esgotado".

A candidata espera agora conseguir fazer passar a mensagem de que o PSD tem propostas reformistas e humanistas para as áreas que importam à população, que vão da Saúde, Educação, reforma do Estado, território e novas gerações, até à reforma do sistema político. "Tenho a certeza que queremos fazer coisas para o país e urge ter coragem para as reformas, que não são fáceis porque vão mexer com o sistema e interesses instalados", acrescenta, com a esperança que o PS também esteja aberto a "pensar mais no país do que nos seus próprios interesses". Aqueles que diz terem levado António Costa, "com arrogância", a ter rejeitado liminarmente o apoio do PSD para qualquer aprovação dos orçamentos de Estado. "Se não o tivesse feito talvez agora não estivéssemos num processo de eleições antecipadas".

Esta advogada, solteira, sem filhos (o que diz "ter em mente") e a viver sozinha tem outro político que admira muito além de Rio. "Vai surpreender-se!", diz, antes de disparar o nome: "É Pedro Santana Lopes, uma pessoa que mexe comigo desde pequenina, sobretudo pela sua sensibilidade para os problemas sociais". Mas também porque - embora com uma personalidade e percurso completamente diferentes de Rio -, o considera um político genuíno. "Na política tem-se a tendência para fazer muito teatro e ele mostrou sempre as suas virtudes e fragilidades. Um político tem de se normalizar como um de nós", defende a cabeça de lista do PSD ao Porto.

paulasa@dn.pt

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