Rio critica "orgia orçamental" de Costa. E anuncia voto contra

Presidente do PSD afirma que o crescimento económico continua "demasiado baixo" e que os últimos quatro anos foram oportunidades "de ouro" perdidas
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O líder do PSD, Rui Rio, criticou duramente a proposta de Orçamento do Estado de 2019 - a qual, anunciou desde já, terá o voto negativo do partido -, acusando o governo de António Costa e os partidos que suportam a maioria parlamentar de prepararem uma "orgia orçamental" de medidas que mais não são do que "um engodo político dos eleitores" a pensar nas legislativas do ano que vem. Rio lamentou ainda o que considera ter sido o desperdício de "uma oportunidade de ouro", de reduzir a dívida pública e de salvaguardar futuras crises.

Enumerando novidades como a oferta de manuais escolares até ao 12.º ano na rede pública, a redução da propina máxima do ensino superior, o passe único nos transportes públicos de Lisboa e Porto a preços mais baixos ou a reforma sem penalizações aos 40 anos de descontos e sessenta de idade, Rio admitiu que "toda a gente gosta disto" e que "não é possível discordar destas medidas por si". No entanto, acrescentou, "todas juntas, estas medidas são uma orgia orçamental. São medidas simpáticas, para ver se conquistam as pessoas", disse, considerando no entanto que os eleitores também "já perceberam" que algumas das benesses anunciadas são uma "aldrabice política", nomeadamente a questão da cobrança do IRS sobre as horas extraordinárias, que considerou mais não ser do que a transferência de taxas cobradas em 2019 para 2020, numa altura em que "as eleições já passaram".

Formigas, cigarras e aumento nominal da dívida pública...

Numa intervenção em que citou a fábula da formiga e da cigarra de La Fontaine - atrapalhando-se notoriamente ao início, ao trocar a segunda pela primeira -, Rio associou o governo de António Costa à cigarra que não prepara a chegada do Inverno trabalhando no Verão. Neste caso, que não aproveita um momento de crescimento económico - ainda que, fez também questão de frisar, "o sexto pior da União Europeia" - para acautelar a "inevitável" crise que chegará um dia, mantendo uma lógica de "chapa ganha, chapa gasta". "Em 2019, o governo vai manter a carga fiscal nos máximos históricos de sempre. Mesmo assim, o défice público vai ser de 0,2% do produto Interno Bruto (PIB)", criticou. "Na prática, é o mesmo de 2018, porque este inclui uma despesa colossal como o Novo Banco".

Enumerando um conjunto de folgas no esforço das contas públicas, como a descida das taxas de juro, o aumento da receita fiscal ou os dividendos de "mil milhões de euros" a receber do Banco de Portugal, Rui Rio frisou que, ainda assim, "a dívida pública portuguesa vai subir mais de três mil milhões em 2019".

E questionou - dando a resposta logo a seguir - qual será o destino desta almofada financeira: as agendas dos partidos de esquerda. "O País perdeu quatro anos relativamente à construção do seu futuro porque temos um governo/coligação governamental que olha para o presente, o que equivale a dizer que olha para as eleições", sentenciou, terminando a confirmar que irá propor à Comissão Política Nacional do PSD que recomende aos deputados do partido o voto contra o próximo orçamento.

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