Richard Browne fintou a morte para ser um Bolt do atletismo adaptado
Aquele momento mudou tudo: Richard Browne pôs-se de pé, a perna começou a sangrar de forma abundante, e o adolescente de Jackson (Mississippi, EUA) pensou que o sonho de se tornar um desportista famoso também terminava no chão daquele quarto de hospital. "Julguei que ia morrer", recorda, oito anos depois. A recuperação da queda contra a porta de vidro de uma lavandaria (quando tentava abrigar-se de uma tempestade) acabou por lhe roubar a perna mas não a ambição: hoje, o estado-unidense vai-se tornando um ícone do desporto paralímpico e sonha converter-se no Usain Bolt do atletismo adaptado.
Richard, de 25 anos, foi uma das maiores figuras dos Mundiais de atletismo do Comité Paralímpico Internacional, realizados no mês passado e de onde Luís Gonçalves (ouro 400 m T12), Lenine Cunha (ouro triplo salto T20), José Azevedo (bronze 5000 m T20), Érica Gomes e Ana Filipe (prata e bronze, respetivamente, no triplo salto T20) trouxeram medalhas para Portugal. E, à conta disso, o mundo descobriu a sua história de superação.
O velocista, triplo medalhado nos mundiais de Doha - ouro nos cem e 200 metros T44 e prata na estafeta 4x100 metros T42-47 -, recordou, à CNN, o pesadelo daquele quarto de hospital, quando percebeu que as lesões da queda lhe podiam roubar a vida. Richard parecia salvo após uma primeira operação. Porém, a artéria da perna direita, rasgada na queda, nunca se curou (daí o episódio do sangramento): o atleta passou três anos a lutar (14 cirurgias) mas em 2010 acabou por perder o membro e as hipóteses de fazer carreira no basquetebol ou no futebol americano (como ambicionava).