Revista Electra pretende habitar "espaço vazio" nos media em Portugal

A revista Electra, um novo projeto editorial da Fundação EDP que será trimestral, hoje lançado, em Lisboa, pretende "habitar um espaço vazio" nos media, em Portugal, cruzando várias disciplinas e temas da atualidade.
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"Devido à difícil situação em que se encontra toda a imprensa em Portugal, os media deixaram um espaço por habitar, uma casa vazia, que esta revista pretende ocupar", declarou o editor, António Guerreiro, durante o lançamento da publicação de crítica, pesquisa, ensaio e reflexão cultural, na Central Tejo.

A revista, com um preço de capa de nove euros, tem uma edição inicial de 5.000 exemplares em português, e outra edição em inglês, de 1.000 exemplares, mas a tiragem irá ser avaliada, segundo o diretor do projeto, José Manuel dos Santos, administrador e diretor cultural da Fundação EDP.

"Nesta Grande Época" é o tema do dossier desta primeira edição, que inclui também uma grande entrevista ao professor, crítico de arte, teórico dos media, e filósofo alemão Boris Groys, e um portfolio da artista Lourdes Castro.

Na apresentação, o jornalista, crítico e ensaísta António Guerreiro classificou a nova publicação como "um projeto intempestivo", que "não coincide com o seu próprio tempo" porque "a atualidade sobre a qual incide não é a definida em termos jornalísticos".

"Faz um apelo a um saber vindo das ciências humanas e sociais, e não é uma revista académica, não adotando o discurso jornalístico, e é aberta a um discurso mais exigente, sem cair no especializado", acrescentou.

Para José Manuel dos Santos, a revista, que adota o nome de uma figura da mitologia grega, "parte da ideia de que as ideias são necessárias para compreender o mundo".

"Na voragem informativa e mediática que hoje se vive não há tempo para refletir e ir ao fundo das questões, perspetivando os acontecimentos, e com vários pontos de vista", acrescentou sobre a publicação, que terá colaboradores portugueses e estrangeiros.

Miguel Coutinho, administrador e diretor-geral da Fundação EDP, disse, na apresentação, que o novo projeto "complementa a área cultural" de atividade da entidade, que detém o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Belém.

A Fundação EDP "já ocupa um espaço nas artes visuais, preserva o património energético, tem procurado encontrar formas de diálogo entre a cultura e a inclusão social, e é dos mais importantes mecenas na área da cultura, em Portugal".

Nesta primeira edição também está em foco uma figura da poesia portuguesa, António Franco Alexandre, e surgem colaborações em diversos temas, de Andrea Cavalletti, Roberto Esposito, Frédéric Neyrat, Pê Feijó, Maria Filomena Molder, André Barata, entre outros.

De acordo com os responsáveis pela publicação -- que tem como subdiretor António Soares e coordenação editorial de João Brito -- os temas e secções poderão ser alterados nos números seguintes.

No sábado, pelas 17:00, decorrerá uma conferência "A Arte na Época da Internet", do filósofo Boris Groys, que irá assinalar, na Fundação EDP -- Central Tejo, o lançamento da nova revista.

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