Revelações do WikiLeaks não dão para reabrir caso Maddie

PGR desvaloriza telegrama que diz que polícia inglesa tinha provas contra os McCann .<br />
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O telegrama da embaixada norte--americana alusivo ao processo Maddie e revelado pelo WikiLeaks "mostra como este caso teve intervenção política e se tornou político", o que "devia ser suficiente para o Ministério Público reabrir o processo-crime", no entender de Gonçalo Amaral, o ex-coordenador da PJ que liderou a investigação ao desaparecimento da criança inglesa nos primeiros meses. Mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) já fez saber que não vai reabrir o inquérito.

O telegrama é datado de 21 de Setembro de 2007, duas semanas depois de Kate e Gerry terem sido constituídos arguidos em Portugal. Foi divulgado na segunda-feira pelo jornal El País por via do site WikiLeaks, refere-se a uma informação dada ao embaixador norte-americano All Hoffman em Lisboa pelo embaixador britânico Alexander Ellis, de que foi a polícia inglesa que descobriu provas contra os pais de Madeleine McCann.

Para o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, essa informação não tem relevância suficiente para se reabrir o processo. Numa nota enviada ontem à imprensa, a PGR considera que não existem factos "novos, credíveis e relevantes" para reabrir a investigação relacionada com Madeleine McCann, a criança inglesa desaparecida no Algarve em 2007.

Gonçalo Amaral vê a revelação do telegrama pelo WikiLeaks por outro prisma: "A reunião entre os embaixadores norte-americano e britânico é um dado novo. O que dizem também é novo até porque demonstra que a Polícia Judiciária, que foi posta em causa, estava no caminho certo."

O ex-coordenador da PJ lembra que "o próprio casal tem dito, ao longo dos anos, que há matéria para reabrir o processo". Neste ponto, o advogado dos McCann, Rogério Alves, sublinha que Gerry e Kate "têm um enorme desejo de que o processo sobre o desaparecimento da filha seja reaberto porque isso significaria a continuação das buscas para encontrar Madeleine".

Já Gonçalo Amaral gostaria de ver o processo reaberto para que os pais da criança sejam responsabilizados. "Os McCann querem que fiquemos convencidos de que andam à procura da filha, quando o que estão a fazer é a tratar da sua imagem. O trabalho dos detectives que contrataram prova que isto é tudo uma mentira da parte deles. Porque é que mentem? Era interessante saber", afirma o ex-coordenador da PJ. O porta-voz dos McCann, Clarence Mitchell, desvalorizou o telegrama diplomático divulgado pelo WikiLeaks, considerando-o uma "nota completamente histórica".

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