Reunião da NATO em Bucareste pode levar munições de longo alcance para Kiev
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos estados-membros da NATO reúnem-se a partir de hoje em Bucareste para discutir o apoio à Ucrânia e a outros países que "enfrentam a pressão russa em muitas formas diferentes", horas depois de a maior delegação de chefes da diplomacia europeia, de sete países, visitar Kiev. Em Zaporíjia, a administração ocupante nega estar iminente a retirada da central nuclear.
No palácio do Parlamento da Roménia, um edifício que simboliza como poucos os devaneios megalómanos de um ditador, no caso de Ceausescu, os aliados da Aliança Atlântica vão debater como ajudar a Ucrânia, mas também outros países como a Geórgia, Moldávia e Bósnia, a contrariar a agressão russa, no primeiro caso, e a ameaça, no segundo. "Pela primeira vez, a reunião será igualmente dedicada às questões de defesa da Ucrânia, nomeadamente novas armas, munições, equipamento militar, e ao sistema energético do país", disse o ministro dos Negócios Estrangeiro da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que vai estar presente no encontro.
O secretário-geral da NATO explicara dias antes que iria apelar para os aliados prestarem mais apoio através do chamado pacote de assistência integral, através do qual a organização tem fornecido combustível, material médico, equipamento de inverno e bloqueadores de drones. Jens Stoltenberg disse também que, a longo prazo, a aliança militar vai ajudar a Ucrânia na transição do equipamento, treino e doutrina soviéticos para a NATO.
Antes ainda do reforço de defesas antiaéreas, Kiev pede há muito poder de fogo de maior alcance, algo que até agora tem sido negado pelos aliados. Segundo a Reuters, pode ser anunciado na cimeira uma mudança de paradigma, caso os Estados Unidos confirmem que vão fornecer foguetes equipados com o sistema GLSDB (que significa bomba de pequeno diâmetro lançada em superfície).
Produzido em conjunto pela sueca SAAB e a norte-americana Boeing, é lançado em foguetes amplamente disponíveis em stock, e tem um alcance de 150 quilómetros, mais do dobro do que o exército ucraniano tem à disposição para usar nos sistemas de foguete de lançamento múltiplo, caso do HIMARS. No entanto, caso se confirme este anúncio, não é de esperar que o sistema entre em ação antes da primavera.
O palácio de Bucareste vai também ser palco de uma reunião trilateral entre os chefes da diplomacia da Turquia, Suécia e Finlândia. Ancara está a usar a ratificação parlamentar da admissão dos países nórdicos como moeda de troca para Estocolmo tomar medidas face a grupos curdos aí radicados e que são vistos pelo poder turco como terroristas. "O processo está a avançar positivamente, mas ainda há medidas a tomar. Na verdade, a Suécia é o país que precisa de tomar mais medidas", disse o ministro Mevlut Cavusoglu.
Na Zaporíjia ocupada, as autoridades russas negaram que os soldados estejam a retirar-se da central nuclear, tal como foi sugerido pela empresa estatal ucraniana que a gere. O diretor-geral da Energoatom disse haver indicações de que as forças russas poderiam estar a preparar-se para deixar as instalações capturadas em março.
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