Responsável sírio visita o Líbano
Walid Mouallem, o novo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio e responsável pelo dossier libanês no Governo de Damasco, realiza amanhã uma visita de 48 horas a Beirute. Na capital libanesa, Mouallem irá reunir-se com várias personalidades, incluíndo mesmo as que se opõem ao domínio sírio no Líbano.
Esta visita do número dois da diplomacia de Damasco ocorre no momento em que se mantêm as pressões sobre o Governo do Presidente sírio, Bashar Al-Assad, para que retire todas as suas tropas do Líbano e, simultaneamente, controlo o Hezbollah (grupo xiita libanês) de forma a que este não ataque Israel.
Os encontros com os antigos presidentes libaneses Elias Hraoui e Amine Gemayel - opositor ferrenho ao domínio do Líbano pela Síria - mantinham-se ontem na agenda de Walid Mouallem, enquanto era revelada a anulação de uma reunião entre o ministro sírio e o patriarca maronita Nasrallah Sfeir.
A anulação do encontro entre Sfeir e Mouallem não foi justificada, limitando-se uma fonte governamental libanesa a afirmar que a reunião entre os dois responsáveis ocorrerá «numa posterior visita» do ministro sírio. A decisão poderá, no entanto, estar ligada aos contactos que o patriarca manteve recentemente no exterior e às suas próprias declarações.
O patriarca, chefe de fila da oposição cristã à presença síria no Líbano, foi recebido sexta-feira pelo Presidente francês. Durante o encontro, Jacques Chirac afirmou o «empenho da França à total aplicação» da resolução 1559 da ONU, que exige a retirada das tropas sírias do Líbano.
Sfeir, antes de se deslocar a Paris, foi recebido por João Paulo II, no Vaticano, a quem deu conta da sua opinião sobre a aplicação da referida resolução, rejeitada pelo Governo libanês pró-sírio.
Mouallen, antigo embaixador da Síria em Washington, reconheceu a existência de "práticas erróneas" na gestão das relações entre o Líbano e a Síria e anunciou uma "evolução" nas relações bilaterais.
As autoridades sírias efectuaram igualmente uma abertura para com outro tenor da oposição libanesa ao receberem, há duas semanas, um emissário de Michel Aoun. Este general e antigo chefe do Governo de Beirute (1988-90) encontra-se no exílio em Paris.