Reserva Federal dos EUA sobe taxa de juro até máximo de 5,5%, BCE deve acompanhar

O Banco Central Europeu (BCE), que em junho continuou a subir juros, deverá prosseguir, esta quinta-feira, ao mesmo ritmo da Fed, aumentando para 4,25%.
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As taxas de juro diretoras dos Estados Unidos (EUA) subiram mais 0,25 pontos percentuais (p.p.), esta quarta-feira, depois de uma pausa em junho, colocando agora o intervalo da taxa de refinanciamento central da Reserva Federal (Fed) em 5,25% a 5,5%.

O ponto superior deste intervalo é o maior valor da taxa de juro diretora dos EUA desde o início de 2001, o ano em que rebentou a bolha especulativa das empresas tecnológicas (as chamadas dot com), lançando o caos nos mercados e em muitas economias, levando inclusive a recessões.

O Banco Central Europeu (BCE), que em junho continuou a subir juros, deverá prosseguir amanhã (quinta) ao mesmo ritmo da Fed, aumentado a taxa de refinanciamento de 4% para 4,25%, diz a maioria dos analistas ouvidos pela AFP.

Em comunicado, a Fed diz que "os indicadores recentes sugerem que a atividade económica tem vindo a expandir-se a um ritmo moderado", que "a criação de emprego tem sido robusta nos últimos meses, e a taxa de desemprego tem-se mantido baixa". Ao mesmo tempo, "a inflação mantém-se elevada".

A equipa de economistas da Reserva Federal "já não prevê uma recessão, tendo em conta a resiliência da economia nos últimos tempos, embora se espere um abrandamento do crescimento no final do ano", revelou o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, em conferência de imprensa, esta quarta-feira.

Tudo considerado, o comité dos governadores da Fed decidiu que as taxas de juro da área do dólar têm de aumentar para arrefecer a inflação.

Segundo o banco central dos EUA, o maior do mundo, parece que há margem para continuar a agravar os juros uma vez que, mesmo com as subidas fortes e consecutivas que se têm verificado desde março do ano passado (quando a Fed iniciou o ciclo de aperto monetário, quatro meses antes do BCE), a economia e o emprego continuam a andar e o desemprego mantém-se baixo.

A Fed "procura alcançar o pleno emprego e uma inflação de 2% a longo prazo", recorda a instituição sediada em Washington.

"Para chegar a estes objetivos, o comité [do sistema de bancos centrais que formam a Reserva Federal] decidiu aumentar o objetivo para a taxa dos fundos federais [em mais 0,25 pontos percentuais] para um intervalo de 5,25% a 5,5%", diz a nota oficial.

Vamos avaliando

Tal como faz Christine Lagarde, presidente do BCE, também Jerome Powell refere que a Fed "vai continuar a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária".

"Estamos fortemente empenhados em fazer regressar a inflação ao objetivo de 2%", diz Powell, sendo hoje verdade que a Fed está muito menos pressionada a ter de fazer grandes subidas de juro doravante.

Isto porque a inflação média dos últimos 12 meses nos Estados Unidos caiu para 3% em junho, segundo dados do governo de Joe Biden.

"Ao determinar o grau de aperto adicional da política monetária que pode ser apropriado para que a inflação volte a 2% ao longo do tempo, o comité da Fed terá em conta a restritividade cumulativa da política monetária, os desfasamentos com que esta afeta a atividade económica e a inflação, e a evolução económica e financeira", diz a Reserva.

No entanto, os títulos (como obrigações do Tesouro norte-americano e do setor privado) vão continuar a ser despejados no mercado, como o BCE também já está a fazer com alguns dos seus programas mais antigos, anticrise.

"O comité continuará a reduzir as suas detenções de títulos do Tesouro e de títulos de dívida de agências e de títulos hipotecários, tal como foi anteriormente anunciado."

Quanto aos bancos, setor que ano teve vários momentos de stress com a falência de bancos de média dimensão, a Fed diz que está tranquila.

"O sistema bancário dos EUA é sólido e resistente", ainda que seja "provável que as condições de crédito mais restritivas para as famílias e as empresas afetem a atividade económica, a contratação e a inflação", referiu Powell. "A extensão desses efeitos permanece incerta."

BCE sobe já a seguir

O BCE decide esta quinta-feira (dia 27), em Frankfurt, mais uma muito provável subida de taxas de juro, de 4% (taxa diretora central de refinanciamento) para 4,25%. Segundo uma ligeira maioria de um painel de analistas ouvidos pela Reuters, em setembro, o banco central de Christine Lagarde pode repetir a dose.

A inflação da zona euro está hoje em 5,5%, quase metade do valor do seu pico em outubro de 2022 (10,6%), mas ainda assim muito acima da meta política do BCE (2% no médio prazo). Logo, o cenário deste ano é de várias subidas ainda, como noticiou o Dinheiro Vivo com base num novo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI).

(atualizado às 20h40 com mais declarações de Jerome Powell)

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