Reprogramação genética pode ser futuro no tratamento de Parkinson
A transformação de células cerebrais em neurónios produtores de dopamina pode ser uma forma de tratar a doença de Parkinson, que se caracteriza por um défice deste neurotransmissor. O método, testado com sucesso em ratos, foi publicado na revista Nature Biotechnology. Com a reprogramação genética, os ratos tiveram melhorias em termos de mobilidade e tremores.
"Esta investigação é extremamente promissora", disse David Dexter, um dos investigadores que participaram no estudo, citado pelo jornal Independent, na véspera do dia mundial da doença, que se comemora hoje. Segundo o cientista, a substituição das células que se perdem nos doentes com Parkinson poderá vir a ser uma maneira de reverter os sintomas desta doença neurodegenerativa e pode um dia ajudar a descobrir a cura para a patologia.
Os cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, conseguiram manipular as células cerebrais comuns, conhecidas como astrócitos, e transformá-las em células semelhantes aos neurónios produtores de dopamina, depois de testarem uma série de genes que participam na criação deste neurotransmissor. Uma combinação de quatro genes com pequenas moléculas foi injetada em ratos com Parkinson, revelando-se eficaz a tratar alguns sintomas.
Entre duas a cinco semanas após ter sido introduzida a mistura no cérebro dos ratos, os animais recuperaram a sua função motora - não toda, mas uma parte - e apresentaram melhorias ao nível dos tremores. Tudo indica que os astrócitos de ratos podem ser transformados em neurónios de dopamina, mas o grande desafio é saber se o mesmo acontece com os humanos.
A doença de Parkinson é progressiva e afeta 180 por cada cem mil habitantes em Portugal, ou seja, 18 mil portugueses. De acordo com o Independent, há vários anos que os cientistas têm vindo a tentar transplantar neurónios que produzem dopamina cultivados em laboratório diretamente no cérebro, mas esta é uma nova abordagem. É uma maneira nova de substituir as células nos doentes com Parkinson, destacou David Dexter. A trabalhar no método há seis anos, os investigadores mostraram que é possível.
Melhorar a qualidade das novas células criadas e provar que funcionam a longo prazo são alguns dos passos a ser dados antes de esta técnica vir a ser testada em humanos.