Representantes da saúde e antitabagistas: "Deem uma oportunidade ao cigarro eletrónico"
Há alternativas aos cigarros tradicionais, como o cigarro eletrónico e o tabaco aquecido, capazes de reduzir drástica e rapidamente a epidemia de doenças causadas pelo fumo, e essas soluções devem ser apoiadas. É esta a mensagem que mais de 70 representantes de topo de instituições de saúde pública e luta contra o tabagismo querem passar à Organização Mundial da Saúde (OMS), assinando para tal uma carta aberta ao diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citada pelo Financial Times.
O principal argumento deste grupo são os sucessivos estudos científicos que apontam para a considerável redução de efeitos nocivos de produtos como o cigarro eletrónico ou o iQos, livres da combustão responsável pela libertação da maior parte de agentes tóxicos no fumo. Tese que continua a merecer forte oposição na maioria dos responsáveis da OMS, que defendem que esses produtos não foram ainda suficientemente testados e podem resultar na viciação dos jovens. É precisamente isso que defenderão na conferência sobre legislação e controlo de fumo que acontece nesta semana, em Genebra, promovida pela OMS.
Segundo o Financial Times, a receita da venda deste tipo de produtos alternativos subiu de 2,76 para 8,61 mil milhões de dólares entre 2014 e 2016, com as projeções a apontar para os 26 mil milhões em cinco anos, mesmo estando proibidos em 30 países e sendo o enquadramento legal muito variável naqueles em que são permitidos.
Na carta que dirigem à OMS, os defensores dos produtos com menos risco, maioritariamente médicos, professores universitários e investigadores, pedem que não se permita que a incerteza sobre os efeitos a longo prazo impeça uma solução capaz de ter já efeitos muito positivos entre os fumadores. "Há já dados suficientes sobre os processos físicos e químicos associados a estes produtos e à emissão e exposição a marcadores tóxicos para dizer com confiança que os produtos sem combustão causam muito menos danos à saúde", vinca Clive Bates, antigo líder do lóbi britânico Action on Smoking and Health e um dos especialistas que assinam a carta.