Guiné-Bissau: Dedo indicador é símbolo de democracia nas redes sociais
As redes sociais de guineenses estão "inundadas" de pessoas com um dedo indicador em riste a mostrar a marca da tinta indelével que prova o voto nas eleições legislativas, sendo que para muitos é a primeira vez que exercem esse direito cívico.
Após votar em Bissau, Elci Pereira mostra o dedo indicador e pede aos guineenses que lhe sigam o gesto, destacando que o exercício do voto "é indispensável" para decidir sobre o futuro do país.
Élia Embalo, emigrante em Portugal, exibe, orgulhosa, o dedo direito, para mostrar que cumpre o dever de cidadã, escrevendo "viva a Guiné-Bissau".
Emigrante na Alemanha, onde pela primeira vez os cidadãos guineenses votam, Juvilda Dionou diz já ter cumprido a sua missão, faltando agora "contar a história" da Guiné-Bissau, daqui para frente.
Quem vive no país, segue também esta tendência das redes sociais. Com o dedo com a tinta em riste, Flávia Semedo afirma que a sua parte já está feita e escreve vivas à Guiné-Bissau, enquanto Dermula Djaló, que vota pela primeira vez, mostra também o dedo e pergunta aos colegas o que esperam para fazer o mesmo.
O jornalista Secuna Fati mostra o dedo e salienta que cumpriu o seu dever cívico com o qual disse dar a sua "valiosa contribuição" para o desenvolvimento da "querida pátria, mãe Guiné-Bissau".
O próprio presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Pedro Sambú aparece nas redes sociais, com o dedo em riste, a prometer, em declarações aos jornalistas, que votou e que o processo decorre "num clima muito calmo, de transparência e sem sobressaltos".
A ativista ambiental, Luana Pereira, não esconde a satisfação com a sua primeira ida à urna, mostrando o dedo indicador direito, com um largo sorriso no rosto.
"A minha primeira votação na caminhada democrática da nossa Guiné. O entusiasmo é óbvio", refere a jovem Luana.
Ilda Gomes, que também vota pela primeira vez, mostra o dedo e o cartão de eleitor para pedir a Deus ajuda para a Guiné-Bissau.
Já Iça Culubali diz não acreditar ter tido a sua primeira oportunidade de votar "para escolha do Governo".
Daqui para frente promete "votar sempre e ajudar a mudar" a Guiné-Bissau.
Na Guiné-Bissau, para evitar dupla votação, o eleitor, após exercer o direito cívico, vê banhado o dedo indicador direito num recipiente com tinta indelével que só desaparece 48 horas depois.
Desde que a Guiné-Bissau iniciou com as eleições democráticas, em 1994, a tinta é oferecida ao país por Portugal.
Hoje, 761 mil eleitores votam em mais de três mil mesas eleitorais espalhadas pelo país e pela diáspora.
Muitos deles são jovens e votam pela primeira vez num país que tem 75% da população com menos de 25 anos.