Registo alerta para falhas no enfarte

Ferramenta com mais de dez anos de dados de doentes aumenta a qualidade e detecta fragilidades no tratamento.
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Portugal tem o maior registo não obrigatório de dados na área da cardiologia de toda a Europa. Bases de dados que ajudam à avaliação dos doentes e do tratamento que é feito, bem como de problemas e fragilidades. Por isso o coordenador do Centro Nacional de Colecção de Dados em Cardiologia não tem dúvidas: apesar da redução da mortalidade, "temos de investir muito para melhorar a organização do atendimento a doentes com enfarte".

Os doentes que chegam pela via verde, que ajuda a garantir um tratamento mais atempado e eficaz, estão a estagnar nos hospitais. Em causa estão problemas de articulação das unidades, e destas com o INEM, mas também há um problema de falta de informação, diz ao DN João Morais. "A educação do doente é essencial. Já fizemos campanhas no passado, mas entretanto deixaram de ser feitas. Outro aspecto tema ver com a desarticulação das unidades, que tem de ser melhorada".

As recolhas tiveram início em 1990, e actualmente os dois registos de cardiologia de intervenção e síndromes coronárias agudas já "têm mais de 30 mil registos cada um, o que origina milhões de dados diferentes", conta o médico.

Hoje sabe-se que tipo de doentes existem, os tratamentos que são feitos e os seus resultados, se se cumprem as orientações e "conseguimos ainda dar indicações às autoridades políticas sobre as áreas em que devem investir", diz ao DN o cardiologista.

Uma das grandes conclusões da análise dos dados são os "tipos de tratamentos que os doentes têm feito e quais os seus resultados. E sabemos também que conseguimos reduzir as mortes por enfarte com essas melhorias no tratamento". É o que chama um "instrumento poderoso", que ajuda os médicos e os hospitais a analisar informação e a perceber o que podem melhorar.

João Morais adianta que dois novos registos vão começar a ser feitos: um na área da insuficiência cardíaca e outro na cirurgia cardíaca, feito em conjunto com a Sociedade de Cirurgia Cardíaca.

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