Região ibero-americana vê surgir vozes contra a tolerância e igualdade - Rebeca Grynspan
"Infelizmente, temos outra coisa em comum na nossa região ibero-americana, pois temos visto surgir nos últimos anos vozes que atentam contra os valores da tolerância e o respeito à igualdade e a diversidade, que são a premissa dos direitos humanos", disse a secretária-geral da SEGIB.
"Estamos diante de um fenómeno global e existe uma ironia nisto, pois os direitos humanos são tão universais como as ameaças contra estes mesmos direitos", acrescentou.
A secretária-geral falava durante do evento "Evocação dos 70 anos da Assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos - Uma perspetiva da Juventude sobre a atualidade da Declaração nos seus 70 anos", que decorreu hoje, em Cascais.
"Este evento é oportuno, não apenas por coincidir com as comemorações dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas também por coincidir com o contexto político em que nos encontramos", avaliou.
Para Rebeca Grynspan, o espaço ibero-americano tem muito em comum e pode traçar ações conjuntas para concretizar os objetivos em várias áreas, nomeadamente no que toca aos direitos humanos.
"Não há momento mais propício do que as comemorações dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos para retomar o humanismo e a valorização dos direitos fundamentais das pessoas", declarou ainda.
Para Rebeca Grynspan, no século XX, "o mais importante para salvar a humanidade foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos" e, hoje, "não podemos dar-nos ao luxo de perder estes direitos para só depois darmos valor".
"Nos dias de hoje, existe uma fragmentação, polarização das sociedades, uma fricção social, que refletem a insatisfação das populações com a forma como as coisas estão a decorrer nos diversos países", referiu, dando como exemplo os Governos eleitos nos Estados Unidos e no México.
Esta fragmentação ocorre, segundo Rebeca Grynspan, porque existe uma polarização política nos meios urbanos e rurais; por retóricas identitárias excludentes, que dividem as sociedades em grupos; uma geração mais educada que acredita que os políticos não se importam com eles; uma segregação dos jovens no mercado de trabalho e nas decisões mais importantes, o que leva a uma fricção social; assim como as alterações climáticas, que levam ao deslocamento das populações.
"Não podemos ficar parados diante das violações dos direitos humanos" que ocorrem nos dias de hoje, afirmou.
"Devemos impulsionar a causa dos direitos humanos", disse, acrescentando que se deve "agir rapidamente e incluir os jovens nesta questão, encorajando iniciativas que levem a mais justiça e equidade aos países".