Região de Leiria defende novo aeroporto em Alverca ou na Ota
Mais rápido, mais barato e mais acessível para empresas e pessoas. Esta é a tríade de argumentos da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria que sustenta a construção de uma alternativa à Portela na base militar de Alverca.
"A construção de um aeroporto em Alverca é muito mais rápida do que no Montijo. E tem uma vantagem evidente: não precisa de ser construída nenhuma ponte. Alverca localiza-se a uma distância mínima da Portela, poderia haver uma junção entre os dois aeroportos para que funcionassem como um único, existindo zonas diferentes de atividade aeroportuária, mas com serviços comuns. Há vantagens evidentes na rapidez e na poupança financeira em Alverca", assegura ao Dinheiro Vivo o presidente da CIM, Gonçalo Lopes.
O também presidente da Câmara de Leiria pede ao governo que estude a possibilidade de construir uma infraestrutura complementar à Portela em Alverca, à semelhança da solução pensada para o Montijo ou, em alternativa, que equacione um projeto de raiz na Ota, no concelho de Alenquer, embora assuma que esta última hipótese não seja tão apelativa à criação de sinergias com o Aeroporto Humberto Delgado. O autarca argumenta que uma solução a norte do Tejo seria mais consensual, uma vez que " 90% de toda a operação atualmente existente no aeroporto de Lisboa provém daí", e aponta o dedo ao Montijo e a Alcochete. "Deslocar as operações para o outro lado do Tejo representa um novo investimento numa travessia ferroviária e um custo para todos os operadores e para os portugueses", diz.
Alternativa inclusiva
O autarca de Leiria Gonçalo Lopes apela a que a discussão sobre a localização de uma alternativa à Portela seja inclusiva. "Falta uma solução que seja mobilizadora do povo português e que consiga agradar e convencer a justiça desse investimento. O apelo que se deixa ao governo é que, neste período de discussão, se oiçam especialistas e outras forças vivas de forma a que este seja um processo participado", pede. O presidente da Câmara de Leiria admite que "nunca haverá uma decisão consensual" mas, ainda assim, de todas as opções que têm sido colocadas em cima da mesa ao longo dos últimos anos no dossiê do aeroporto, as localizações em Alverca ou na Ota seriam mais vantajosas.
"Parece-me evidente que uma infraestrutura que fica a norte do Tejo terá mais apoio dos portugueses porque fica mais próxima da maioria das pessoas que a utilizam. E é mais fácil e mais barato às empresa despacharem as suas mercadorias numa infraestrutura que lhes está menos distante", sublinha. E ressalva: "Qualquer solução agora terá de ser imediata, bem pensada e eficaz".
A solução reúne apoiantes na região e também o presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei), António Poças, afina pelo mesmo diapasão. "Não havendo condicionalismos que o impeçam, a Nerlei considera que a localização óbvia do novo aeroporto seria a norte do rio Tejo, pois é aí que está a maioria da população e da atividade económica que mais utiliza, e utilizará, esta infraestrutura", adiantou à Lusa na semana passada. Já o presidente da CIM relembra ainda que a discussão sobre um aeroporto a norte do Tejo é antiga. "Não é só um desejo do presidente da Câmara de Leiria, nem da região. É acompanhada por antigos primeiros-ministros e ministros das Obras Públicas que passaram por esta pasta", relembra.
A construção de um aeroporto na Ota foi equacionada, pela primeira vez, há 40 anos. Estudos realizados pela ANA, entre 1978 e 1982, concluíram que a Ota seria a solução mais viável a norte do Tejo. Mais tarde, em 2008, um outro estudo comparativo feito pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) concluiu que o Campo de Tiro de Alcochete seria a solução mais favorável face à Ota, do ponto de vista ambiental, técnico e financeiro.