Reunidos no Nowy Teatr, uma antiga oficina de camiões transformada em teatro, estes refugiados estão entre os cerca de 1,5 milhões de ucranianos que se instalaram na Polónia desde o início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022..A maioria dos presentes são mulheres e lamentam estar longe dos filhos e dos maridos neste momento, já que os homens ucranianos em idade de recrutamento não têm o direito de deixar o país.."Como podemos sentir-nos?" soluça Svitlana Borisova, uma cabeleireira que deixou a Ucrânia nos primeiros dias da guerra com os seus dois filhos menores, de 3 e 6 anos, mas teve que deixar para trás a mais velha, de 21 anos..Olena Sigitova, ao lado da filha Daryna, de 10 anos, confessa: "Estamos tristes, mas aqui estão novos amigos, novas oportunidades." "Pelo menos não estamos sozinhas", acrescenta..A celebração foi organizada pela Casa da Ucrânia em Varsóvia, uma organização não governamental que ajudou a acomodar refugiados ucranianos na Polónia. "O principal objetivo é proporcionar aconchego e sentimento de pertença", explica Miroslava Kerik, chefe da organização, à AFP..O cardápio deste natal tem pratos tradicionais ucranianos, como borsch (sopa de beterraba), vareniki (tipo ravioli) e koutia ( à base de sementes)..Cerca de 500 pessoas participaram na celebração da véspera de Natal, incluindo muitas mulheres com um traje tradicional ucraniano, com camisas bordadas. Foram cantadas canções natalícias e entoadas palavras de apoio aos soldados que defendem o país.."O mais importante para todos neste ano é a vitória. Sonhamos com isso para podermos pensar no futuro", resumiu Miroslava Kerik. Várias das mulheres explicaram à reportagem da AFP que os cuidados com os filhos dificultam a obtenção de um emprego estável, mas que os filhos estão adaptar-se e começam a aprender polaco no jardim de infância ou na escola..Para Olena Sigitova, de Dnipro, leste da Ucrânia, encontrar tempo para as aulas de polaco é difícil, mas agradece à família que a acolheu, juntamente com a filha, desde o início da guerra. "Disseram que eu podia contar com eles o tempo que fosse necessário", destaca Olena, cujo marido está nas fileiras do Exército ucraniano..Durante os primeiros três meses na Polónia, raramente saía da casa onde estava hospedada. "Eu estava com muito medo, estava apavorada", diz. Desde então, trabalha como cabeleireira..Natalia Golomsha, que chegou com o seu filho de 8 anos, Marko, encontrou um emprego a tempo integral numa empresa que ajuda crianças ucranianas a estudar na Polónia. "Os meus amigos, os meus contatos, mas também a vontade e a capacidade de adaptação às condições ajudaram um pouco", afirma..Katerina Krahmalova, uma investigadora universitária de Kiev, também encontrou um emprego, aproveitando a vantagem de saber falar polaco. "O mais importante é que a minha família está comigo, a minha casa é onde eles estão", diz, nesta primeiro natal como refugiada.