Refinaria em Badajoz não deve ser construida se puser em causa ambiente
"Nada será feito, se puser em causa os valores ambientais desta zona (Alqueva)", disse José Sócrates, ao ser questionado pelos jornalistas sobre se o empreendimento de Alqueva seria compatível com a construção de uma refinaria em Badajoz, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa.
Lembrando que os portugueses, ao abrigo das convenções internacionais, "estão também a participar na avaliação de impacte ambiental" do projecto da refinaria, José Sócrates frisou que, por isso, "é cedo para tomarmos e para definirmos posições tão radicais como as que tenho visto na comunicação social".
"Naturalmente, os interesses portugueses, que são os de protecção e defesa dos valores e dos padrões ambientais desta zona (Alqueva), serão acautelados. Essa garantia, posso deixar", afirmou.
Plataformas ambientais das regiões espanholas da Extremadura e da Andaluzia (Espanha) estão a organizar uma manifestação para sábado contra a polémica refinaria Balboa, proposta para a região de Badajoz, e o necessário oleoduto.
Responsáveis do protesto explicaram que a manifestação, que decorre sábado na localidade de Santa Olalla del Cala (onde deverá passar o oleoduto) conta com o apoio das plataformas "Sereno" de Sevilha, "Oleoduto NO" de Huelva, e "Refinaria NO" da Extremadura.
Leonardo Clemente explicou que o protesto visa consciencializar as pessoas da região para os impactos ambientais do projecto industrial, que classificou como "obsoleto e caduco".
Os activistas contestam igualmente o que dizem ser a postura contraditória do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) - que governa as duas regiões espanholas - por promover o combate às alterações climáticas e, ao mesmo tempo, "apostar num projecto contaminante".
Plataformas ambientais portuguesas e espanholas têm promovido várias acções nos últimos meses contra o polémico projecto.
Representantes das plataformas espanholas deverão deslocar-se na próxima quarta-feira a Bruxelas, para expor perante o Comité de Petições do Parlamento Europeu, os seus argumentos contra o projecto.
Responsáveis da empresa promotora do projecto têm insistido que o projecto não provocará impactos ambientais em Portugal.
A empresa insistiu, em declarações à Lusa em Janeiro último, que se trata de "uma refinaria própria do século XXI, que não terá nada a ver com as construídas há 30 anos, e utilizará tecnologia de última geração, contribuindo para a sustentabilidade dos recursos existentes e reduzindo o potencial contaminante".
A promotora do projecto, Refinería Balboa, S.A., do grupo Alfonso Gallardo, defendeu que estas fábricas "são compatíveis com o desenvolvimento agrícola, pecuário e turístico da sua zona de influência".
A refinaria Balboa está projectada para o município de Santos de Maimona, província de Badajoz (Extremadura), a cerca de cem quilómetros da fronteira com Portugal.