O novo primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, tomou posse nesta segunda-feira, um dia depois da vitória estrondosa sobre o Syriza de Alexis Tsipras. Eleito com as promessas de reduzir impostos e atrair investimento, o líder da Nova Democracia terá também de garantir que a Grécia continua a ser um bom aluno da Europa..A Nova Democracia tem uma maioria de 158 deputados em 300 no Parlamento grego, tendo beneficiado dos 50 deputados extra que são dados ao partido mais votado, relegando o Syriza para segundo, com apenas 86 deputados. A participação ficou pelos 57%, tendo sido uma das mais baixas em várias décadas.."O povo deu-nos um forte mandato para mudar a Grécia e vamos honrar esse compromisso totalmente", disse após a cerimónia de tomada de posse. "Vamos começar hoje com trabalho duro e plena confiança na nossa capacidade de dar resposta às circunstâncias", acrescentou. "Quero ver este povo prosperar. Quero ver regressar as crianças que partiram", disse aos apoiantes..Mitsotakis, de 51 anos, foi eleito com a promessa de cortar nos impostos que foram aumentados por causa do resgate financeiro, mas também atrair investimentos e diminuir a burocracia para tornar o país mais atrativo para as empresas e uma maior privatização dos serviços públicos. Medidas que podem levá-lo a falhar as metas prometidas por Tsipras aos europeus e aos credores, que já estavam em causa com o legado que herda do Syriza: um aumento das pensões e outros benefícios aprovados antes das eleições europeias de maio.."Assumo o compromisso de menos impostos, mais investimento, para ter bons e mais empregos, e crescimento que possa trazer melhores salários e pensões mais altas num estado eficiente", disse após a vitória..Pior, quer que esses credores reduzam as exigências de superavit primário (o orçamento excluindo os gastos com pagamentos de juros), não se sabendo como o fará. A dívida do país é de 181% do PIB e a Grécia prometeu continuar a produzir superavits primários de 3,5% do PIB todos os anos, até 2022, para pagar aos credores..Para ajudar, nomeou para ministro das Finanças Christos Staikouras, coordenador dos Assuntos Económicos da Nova Democracia, que já esteve no governo entre 2012 e 2015 e tem experiência a lidar com os credores..O presidente do Eurogrupo, o português Mário Centeno, recordou a "mais traumática de todas as experiências vividas na Europa nos últimos anos" para pedir responsabilidade em matéria orçamental ao novo governo grego. Centeno lembrou ainda que a área do euro funciona de "uma forma muito diferente do que funcionava antes da grande crise de 2007 e 2008 e depois das crises da dívida soberana seguintes", e que todos os países aprenderam "a importância de ter um processo de política económica, em particular de política orçamental, credível"..Outro desafio para o novo primeiro-ministro chama-se Turquia, por causa da decisão de Ancara de enviar dois navios para começar a explorar reservas de petróleo e gás ao largo de Chipre. A ilha está dividida desde 1974, depois de uma invasão turca ter sido desencadeada por um golpe que defendia a união com a Grécia. A República Turca de Chipre do Norte só é reconhecida pelos turcos. Várias negociações de paz falharam e a descoberta de recursos ao largo só complicou as negociações. Mitsotakis deverá visitar o Chipre nos próximos 15 dias, segundo a presidência cipriota..O que correu mal a Tsipras?.Em janeiro de 2015, Tsipras venceu as eleições com a promessa de acabar com a austeridade, mas foi obrigado a mudar de política e a assinar um terceiro resgate e seguir as reformas impostas pelos credores - mesmo depois de os gregos terem dito "não" a essas medidas num referendo, em julho de 2015..Diante das divisões no próprio partido, convocou eleições para setembro desse mesmo ano e voltou a ganhar, mas praticamente desde então que as sondagens apontam para uma subida da Nova Democracia, que se confirmou nas eleições locais e europeias de maio, que levaram Tsipras a antecipar as eleições que estavam previstas para o final do ano. Agora promete permanecer "ativos nas fileiras da oposição", apesar de ter apenas 86 deputados (tinha 144 no anterior Parlamento)..Outro aspeto que não jogou a favor de Tsipras foi o acordo que alcançou com a Macedónia do Norte em relação ao nome - Macedónia é o nome de uma região da Grécia. A Nova Democracia foi contra o acordo que reconheceu a ex-república jugoslava como Macedónia do Norte. O primeiro-ministro, Zoran Zaev, já congratulou Mitsotakis. "Desejo prosperidade para a Grécia e para o povo grego. Esperamos continuar a cooperação entre a Macedónia do Norte e a Grécia", escreveu no Twitter..A economia grega encolheu e a pobreza e o desemprego aumentaram durante a crise financeira, que durou quase uma década. Apesar da melhoria recente, esperando-se que a economia cresça 2,2% neste ano, ainda há muito terreno para recuperar. Só em agosto é que a Grécia saiu oficialmente do programa de resgate. O desemprego tem vindo a baixar (foi de 18,2% no primeiro trimestre de 2019, comparado com 28% no pico da crise), mas o desemprego entre os jovens ainda ronda os 40%..Tsipras deu aos eleitores de 17 anos a hipótese de votar, mas foi a Nova Democracia que mais subiu entre o eleitorado na faixa etária dos 17 aos 24 anos. Segundo uma sondagem à boca das urnas da Alco/Marc/Metron Analysis/MRB, o Syriza conquistou 38% dos votos destes eleitores, frente aos 30% da Nova Democracia. Mas, nas eleições de 2015, o Syriza tinha conquistado 42,9% dos eleitores dos 18 aos 24 anos, enquanto a Nova Democracia tinha tido apenas 16,5%..Ainda assim, o resultado nesta faixa etária para o Syriza foi melhor do que nas eleições europeias, quando a Nova Democracia conquistou 27,2% dos eleitores entre os 17 e os 24 anos, face a 25,3% do Syriza..Para muitos gregos, também pesou na hora do voto os incêndios de 2018 e a resposta, que consideraram tardia, do governo grego. No incêndio de julho de 2018 em Mati, próximo de Atenas, morreram 102 pessoas. As conclusões dos inquéritos apontaram para uma falha de coordenação entre os serviços de emergência. Além disso, o dinheiro prometido e a reconstrução de casas estão atrasados..Dinastia política.Kyriakos Mitsotakis tem um apelido conhecido na política grega. O seu pai, o falecido Konstantinos Mitsotakis, liderou o governo conservador entre 1990 e 1993, enquanto a sua irmã, Dora Bakoyannis (Mitsotakis de nascimento), foi chefe da diplomacia e presidente da câmara de Atenas. Um cargo que pertence atualmente ao filho, Costas Bakoyannis, sobrinho de Kyriakos..Apesar de orgulhoso da herança política, Mitsotakis lembrou numa entrevista à AFP as mudanças que efetuou na Nova Democracia. "Não é o mesmo partido que há quatro anos", indicou. E prometeu não nomear familiares para cargos no governo. "Julguem-me pelo meu currículo, não pelo meu nome", indicou. O currículo inclui um diploma de Harvard e de Stanford..O novo governo foi conhecido algumas horas depois da tomada de posse de Mitsotakis (e tomará posse nesta terça-feira, com o primeiro conselho de ministros na quarta). O deputado do Nova Democracia Nikos Dendias, que já foi ministro da Defesa, será chefe da diplomacia. O antigo juiz Panagiotis Pikrammenos, que chegou a ser primeiro-ministro interino no pico da crise económica em 2012, será vice-primeiro-ministro..O ministro da Defesa será Nikos Panagiotopoulos, que já foi vice-ministro do Trabalho e da Segurança Social, enquanto a pasta dos investimentos fica nas mãos de Adonis Georgiadis, que já foi ministro da Saúde. Esta pasta fica nas mãos de Vassilis Kikilias, que já foi ministro da Ordem Pública, que passa para Michalis Chrisochodis, que também já tinha tido esta responsabilidade num governo anterior, do PASOK. Só há duas mulheres no governo: a deputada Niki Kerameos fica com a Educação e Lina Mendoni com a Cultura..No final, um governo que não parece tão novo como o prometido por Mitsotakis..O ocaso da Aurora Dourada.De terceiro maior partido no Parlamento grego (antes da cisão do Syriza o remeter para quarto, em ex aequo com o To Potami) a estar de fora da próxima legislatura. A Aurora Dourada (nazista) não conseguiu convencer os eleitores e ficou aquém dos 3% necessários para entrar para o Parlamento. Em 2015 tinha tido 6,9%..O líder do partido, Nikos Michaloliakos, promete voltar. "A Aurora Dourada não acabou, é melhor que percebam isto. Vamos continuar a lutar pelo nacionalismo. Vamos regressar onde nos tornámos fortes, nas ruas, nas praças", indicou numa declaração no domingo..Foi "uma grande vitória para a democracia na Grécia", segundo o novo primeiro-ministro, que foi criticado no passado por ter nomeado um antigo membro do partido de extrema-direita LAOS como seu vice-presidente, Adonis Georgiadis, que em 2017 teve de pedir desculpas públicas por ter feito publicidade a um livro antissemita que disse ser o seu favorito..O terceiro maior partido é agora o KINAL, que nasceu das cinzas dos socialistas do Pasok, com 22 deputados. Seguem-se os comunistas do KKE (15 deputados), o partido nacionalista da Solução Grega (populista de extrema-direita e eurocético), que elegeu dez deputados, mais um do que o partido MeRa25, do ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis (que volta assim a ser deputado).."Capitulação do Syriza".Num artigo de opinião, publicado no site NewStatesman.com, Varoufakis - que entrou em rutura com Tsipras e o Syriza -, explica o que correu mal: "Como a capitulação do Syriza permitiu à direita grega sair do caixote do lixo da história" é o título do artigo, que avisa que a direita está de volta "mais gananciosa, mais feita e mais concentrada do que nunca"..Varoufakis coloca o início do regresso da direita no "golpe contra o povo" que Tsipras fez na noite em que os gregos, em referendo, disseram não às condições de um novo resgate, a 5 de julho de 2015. "No momento em que entrei no gabinete de Alexis Tsipras, ele disse-me que tinha decidido ceder, ignorar o 'não' do povo e ficar ao lado da Nova Democracia para passar pelo Parlamento as leis pelas quais a Grécia iria, novamente, render-se à troika", escreve o ex-ministro das Finanças, que se demitiu nesse mesmo dia.."Desde essa noite, o Parlamento grego tem sido o palco de uma tragicomédia de quatro anos: os deputados do Syriza passaram a austeridade e a venda de bens ao desbarato com as quais não concordavam enquanto, do outro lado, os deputados da Nova Democracia votavam contra - apesar de concordarem com elas", acrescenta Varoufakis.
O novo primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, tomou posse nesta segunda-feira, um dia depois da vitória estrondosa sobre o Syriza de Alexis Tsipras. Eleito com as promessas de reduzir impostos e atrair investimento, o líder da Nova Democracia terá também de garantir que a Grécia continua a ser um bom aluno da Europa..A Nova Democracia tem uma maioria de 158 deputados em 300 no Parlamento grego, tendo beneficiado dos 50 deputados extra que são dados ao partido mais votado, relegando o Syriza para segundo, com apenas 86 deputados. A participação ficou pelos 57%, tendo sido uma das mais baixas em várias décadas.."O povo deu-nos um forte mandato para mudar a Grécia e vamos honrar esse compromisso totalmente", disse após a cerimónia de tomada de posse. "Vamos começar hoje com trabalho duro e plena confiança na nossa capacidade de dar resposta às circunstâncias", acrescentou. "Quero ver este povo prosperar. Quero ver regressar as crianças que partiram", disse aos apoiantes..Mitsotakis, de 51 anos, foi eleito com a promessa de cortar nos impostos que foram aumentados por causa do resgate financeiro, mas também atrair investimentos e diminuir a burocracia para tornar o país mais atrativo para as empresas e uma maior privatização dos serviços públicos. Medidas que podem levá-lo a falhar as metas prometidas por Tsipras aos europeus e aos credores, que já estavam em causa com o legado que herda do Syriza: um aumento das pensões e outros benefícios aprovados antes das eleições europeias de maio.."Assumo o compromisso de menos impostos, mais investimento, para ter bons e mais empregos, e crescimento que possa trazer melhores salários e pensões mais altas num estado eficiente", disse após a vitória..Pior, quer que esses credores reduzam as exigências de superavit primário (o orçamento excluindo os gastos com pagamentos de juros), não se sabendo como o fará. A dívida do país é de 181% do PIB e a Grécia prometeu continuar a produzir superavits primários de 3,5% do PIB todos os anos, até 2022, para pagar aos credores..Para ajudar, nomeou para ministro das Finanças Christos Staikouras, coordenador dos Assuntos Económicos da Nova Democracia, que já esteve no governo entre 2012 e 2015 e tem experiência a lidar com os credores..O presidente do Eurogrupo, o português Mário Centeno, recordou a "mais traumática de todas as experiências vividas na Europa nos últimos anos" para pedir responsabilidade em matéria orçamental ao novo governo grego. Centeno lembrou ainda que a área do euro funciona de "uma forma muito diferente do que funcionava antes da grande crise de 2007 e 2008 e depois das crises da dívida soberana seguintes", e que todos os países aprenderam "a importância de ter um processo de política económica, em particular de política orçamental, credível"..Outro desafio para o novo primeiro-ministro chama-se Turquia, por causa da decisão de Ancara de enviar dois navios para começar a explorar reservas de petróleo e gás ao largo de Chipre. A ilha está dividida desde 1974, depois de uma invasão turca ter sido desencadeada por um golpe que defendia a união com a Grécia. A República Turca de Chipre do Norte só é reconhecida pelos turcos. Várias negociações de paz falharam e a descoberta de recursos ao largo só complicou as negociações. Mitsotakis deverá visitar o Chipre nos próximos 15 dias, segundo a presidência cipriota..O que correu mal a Tsipras?.Em janeiro de 2015, Tsipras venceu as eleições com a promessa de acabar com a austeridade, mas foi obrigado a mudar de política e a assinar um terceiro resgate e seguir as reformas impostas pelos credores - mesmo depois de os gregos terem dito "não" a essas medidas num referendo, em julho de 2015..Diante das divisões no próprio partido, convocou eleições para setembro desse mesmo ano e voltou a ganhar, mas praticamente desde então que as sondagens apontam para uma subida da Nova Democracia, que se confirmou nas eleições locais e europeias de maio, que levaram Tsipras a antecipar as eleições que estavam previstas para o final do ano. Agora promete permanecer "ativos nas fileiras da oposição", apesar de ter apenas 86 deputados (tinha 144 no anterior Parlamento)..Outro aspeto que não jogou a favor de Tsipras foi o acordo que alcançou com a Macedónia do Norte em relação ao nome - Macedónia é o nome de uma região da Grécia. A Nova Democracia foi contra o acordo que reconheceu a ex-república jugoslava como Macedónia do Norte. O primeiro-ministro, Zoran Zaev, já congratulou Mitsotakis. "Desejo prosperidade para a Grécia e para o povo grego. Esperamos continuar a cooperação entre a Macedónia do Norte e a Grécia", escreveu no Twitter..A economia grega encolheu e a pobreza e o desemprego aumentaram durante a crise financeira, que durou quase uma década. Apesar da melhoria recente, esperando-se que a economia cresça 2,2% neste ano, ainda há muito terreno para recuperar. Só em agosto é que a Grécia saiu oficialmente do programa de resgate. O desemprego tem vindo a baixar (foi de 18,2% no primeiro trimestre de 2019, comparado com 28% no pico da crise), mas o desemprego entre os jovens ainda ronda os 40%..Tsipras deu aos eleitores de 17 anos a hipótese de votar, mas foi a Nova Democracia que mais subiu entre o eleitorado na faixa etária dos 17 aos 24 anos. Segundo uma sondagem à boca das urnas da Alco/Marc/Metron Analysis/MRB, o Syriza conquistou 38% dos votos destes eleitores, frente aos 30% da Nova Democracia. Mas, nas eleições de 2015, o Syriza tinha conquistado 42,9% dos eleitores dos 18 aos 24 anos, enquanto a Nova Democracia tinha tido apenas 16,5%..Ainda assim, o resultado nesta faixa etária para o Syriza foi melhor do que nas eleições europeias, quando a Nova Democracia conquistou 27,2% dos eleitores entre os 17 e os 24 anos, face a 25,3% do Syriza..Para muitos gregos, também pesou na hora do voto os incêndios de 2018 e a resposta, que consideraram tardia, do governo grego. No incêndio de julho de 2018 em Mati, próximo de Atenas, morreram 102 pessoas. As conclusões dos inquéritos apontaram para uma falha de coordenação entre os serviços de emergência. Além disso, o dinheiro prometido e a reconstrução de casas estão atrasados..Dinastia política.Kyriakos Mitsotakis tem um apelido conhecido na política grega. O seu pai, o falecido Konstantinos Mitsotakis, liderou o governo conservador entre 1990 e 1993, enquanto a sua irmã, Dora Bakoyannis (Mitsotakis de nascimento), foi chefe da diplomacia e presidente da câmara de Atenas. Um cargo que pertence atualmente ao filho, Costas Bakoyannis, sobrinho de Kyriakos..Apesar de orgulhoso da herança política, Mitsotakis lembrou numa entrevista à AFP as mudanças que efetuou na Nova Democracia. "Não é o mesmo partido que há quatro anos", indicou. E prometeu não nomear familiares para cargos no governo. "Julguem-me pelo meu currículo, não pelo meu nome", indicou. O currículo inclui um diploma de Harvard e de Stanford..O novo governo foi conhecido algumas horas depois da tomada de posse de Mitsotakis (e tomará posse nesta terça-feira, com o primeiro conselho de ministros na quarta). O deputado do Nova Democracia Nikos Dendias, que já foi ministro da Defesa, será chefe da diplomacia. O antigo juiz Panagiotis Pikrammenos, que chegou a ser primeiro-ministro interino no pico da crise económica em 2012, será vice-primeiro-ministro..O ministro da Defesa será Nikos Panagiotopoulos, que já foi vice-ministro do Trabalho e da Segurança Social, enquanto a pasta dos investimentos fica nas mãos de Adonis Georgiadis, que já foi ministro da Saúde. Esta pasta fica nas mãos de Vassilis Kikilias, que já foi ministro da Ordem Pública, que passa para Michalis Chrisochodis, que também já tinha tido esta responsabilidade num governo anterior, do PASOK. Só há duas mulheres no governo: a deputada Niki Kerameos fica com a Educação e Lina Mendoni com a Cultura..No final, um governo que não parece tão novo como o prometido por Mitsotakis..O ocaso da Aurora Dourada.De terceiro maior partido no Parlamento grego (antes da cisão do Syriza o remeter para quarto, em ex aequo com o To Potami) a estar de fora da próxima legislatura. A Aurora Dourada (nazista) não conseguiu convencer os eleitores e ficou aquém dos 3% necessários para entrar para o Parlamento. Em 2015 tinha tido 6,9%..O líder do partido, Nikos Michaloliakos, promete voltar. "A Aurora Dourada não acabou, é melhor que percebam isto. Vamos continuar a lutar pelo nacionalismo. Vamos regressar onde nos tornámos fortes, nas ruas, nas praças", indicou numa declaração no domingo..Foi "uma grande vitória para a democracia na Grécia", segundo o novo primeiro-ministro, que foi criticado no passado por ter nomeado um antigo membro do partido de extrema-direita LAOS como seu vice-presidente, Adonis Georgiadis, que em 2017 teve de pedir desculpas públicas por ter feito publicidade a um livro antissemita que disse ser o seu favorito..O terceiro maior partido é agora o KINAL, que nasceu das cinzas dos socialistas do Pasok, com 22 deputados. Seguem-se os comunistas do KKE (15 deputados), o partido nacionalista da Solução Grega (populista de extrema-direita e eurocético), que elegeu dez deputados, mais um do que o partido MeRa25, do ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis (que volta assim a ser deputado).."Capitulação do Syriza".Num artigo de opinião, publicado no site NewStatesman.com, Varoufakis - que entrou em rutura com Tsipras e o Syriza -, explica o que correu mal: "Como a capitulação do Syriza permitiu à direita grega sair do caixote do lixo da história" é o título do artigo, que avisa que a direita está de volta "mais gananciosa, mais feita e mais concentrada do que nunca"..Varoufakis coloca o início do regresso da direita no "golpe contra o povo" que Tsipras fez na noite em que os gregos, em referendo, disseram não às condições de um novo resgate, a 5 de julho de 2015. "No momento em que entrei no gabinete de Alexis Tsipras, ele disse-me que tinha decidido ceder, ignorar o 'não' do povo e ficar ao lado da Nova Democracia para passar pelo Parlamento as leis pelas quais a Grécia iria, novamente, render-se à troika", escreve o ex-ministro das Finanças, que se demitiu nesse mesmo dia.."Desde essa noite, o Parlamento grego tem sido o palco de uma tragicomédia de quatro anos: os deputados do Syriza passaram a austeridade e a venda de bens ao desbarato com as quais não concordavam enquanto, do outro lado, os deputados da Nova Democracia votavam contra - apesar de concordarem com elas", acrescenta Varoufakis.