Redução do IRS jovem e devolução de propinas não passam no teste

Grande maioria de inquiridos não acredita que medidas anunciadas travem emigração e pede ensino universitário gratuito. Na habitação, é defendido teto máximo para aumento de rendas e taxação de lucros da banca.
Publicado a
Atualizado a

A redução do IRS jovem não é vista como forma de travar a emigração e a devolução de propinas por cada ano de trabalho também não é considerada uma boa solução. Estas são as principais conclusões de uma sondagem, em que a grande maioria chumba as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro. O caminho defendido passa por um ensino universitário gratuito. Na habitação, os inquiridos querem um teto máximo para o aumento das rendas e taxas sobre os lucros extraordinários dos bancos.

No passado dia 6, António Costa aproveitou a rentrée do PS, em Évora, para anunciar que o Governo vai devolver aos estudantes as propinas e fazer alterações ao IRS jovem, com nova redução, entre várias outras medidas. Por cada ano de trabalho em Portugal será devolvido um ano de propinas pagas nas universidades públicas. Na tradicional Festa do Pontal, também Luís Montenegro, líder social-democrata, atirou uma mão cheia de anúncios, incluindo sobre o IRS jovem.

Numa sondagem realizada pela Aximage para o DN, JN e a TSF, com base em 804 entrevistas, 71% dos inquiridos responderam que a redução do IRS não contribui para travar a emigração de jovens qualificados, quando questionados sobre a medida anunciada por António Costa. Apenas 23% responderam afirmativamente. A mesma conclusão surge em todas as zonas: Norte, Centro, Sul e Ilhas, áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Foi nesta última que o "não" ganhou mais força, com 74%. A tendência foi comum a homens e mulheres, a todos os grupos etários e classes.

Entre os que votaram no PSD nas legislativas de 2022, é mais clara a rejeição do IRS jovem enquanto travão à saída para o estrangeiro, com o "não" a atingir os 80%. Entre os votantes do PS, ficou-se pelos 57%.

Questionados sobre a melhor solução para as propinas, somente 16% escolhem a devolução aos jovens trabalhadores anunciada pelo primeiro-ministro. Quase metade, com 45%, querem o ensino universitário gratuito. Para 34%, a melhor opção é reduzir o valor atual, que está nos 697 euros. As percentagens são semelhantes em todas as regiões. Quer entre votantes do PS como do PSD, a preferência recai no ensino gratuito. Só depois vem a redução de propinas e, por fim, a sua devolução.

Os inquiridos responderam depois se conheciam a proposta do PSD para baixar o IRS pago pela classe média, deixando de fora o escalão mais elevado: 47% responderam que sim e 53% que não. Em todas as regiões, o "não" levou vantagem.

Os 47% que ouviram falar da proposta, pronunciaram-se sobre a cobrança de IRS: 77% concordaram que é excessiva e que é possível baixar este ano o valor cobrado aos trabalhadores.

Quanto às rendas, 68% respondeu que o Governo deve suspender a lei em vigor, fixando um teto máximo de aumento. No Norte, esta solução tem a percentagem mais expressiva, seguido da Área Metropolitana de Lisboa.

Já 14% consideram que deve revogar a lei e deixar que o mercado funcione livremente. Só 10% responderam que deveria aplicar a lei em vigor, permitindo o aumento até 6,9%. É nos votantes do PS que um novo teto máximo é mais defendido, com 72% a escolherem esta opção. Nos do PSD, atinge os 67%.

Quanto à aplicação de taxas sobre lucros extraordinários dos bancos, 79% concordam e 13% estão contra. As percentagens são semelhantes em todas as regiões. O apoio à medida é transversal no que toca a idade, sexo e classe social. Os que votaram PS em 2022 são os que mais respondem que sim (88%). Além disso, para 90% o Governo e o Banco de Portugal deveriam ter um papel mais ativo para reduzir a diferença entre juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos.

carlas@jn.pt

FICHA TÉCNICA
Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 804 entrevistas efetivas: 696 entrevistas online e 108 entrevistas telefónicas; 380 homens e 424 mulheres; 181 entre os 18 e os 34 anos, 210 entre os 35 e os 49 anos, 225 entre os 50 e os 64 anos e 188 para os 65 e mais anos; Norte 281, Centro 177, Sul e Ilhas 123, A. M. Lisboa 223. Técnica: Aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 14 e 18 de setembro de 2023. Taxa de resposta: 71,52%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt