Rede4 e Uzo abrem guerra de preços nos telemóveis

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O mercado português de telemóveis parece ter entrado numa nova fase, com as operadoras a lançarem-se numa verdadeira guerra de preços. Num país onde já existem quase dez milhões de telefones celulares activos, a TMN foi a primeira a avançar com uma nova operadora de baixo custo, ao anunciar a criação da Uzo na semana passada. Ontem, foi a vez da Sonacom (holding que detém a Optimus) lançar a Rede4.

No essencial, as duas novas marcas trazem promessas de preços mais baixos nas chamadas de telemóveis. A Rede 4, por exemplo, diz que os consumidores podem poupar entre 37% a 47% nas chamadas para todas as redes (entre telemóveis e rede fixa) e entre 46% e 54% nas ligações dentro da mesma rede (ver condições dos dois operadores nos textos ao lado). Estes dois novos operadores surgem no mercado à semelhança e imagem das chamadas companhias aéreas de low cost (nas quais os clientes pagam preços mais baixos, abdicando de alguns confortos) ou das cadeias de distribuição de discount (que vendem produtos de marca branca). Como explicou Manuel Ramalho Eanes, director-geral da Rede 4, "os estudos que fizemos mostram que os consumidores estão dispostos aceitar esta proposta de valor porque muitos valorizam sobretudo o preço das chamadas e não estão dispostos a pagar por coisas que não usam".

As primeiras reacções dos consumidores parecem-lhe dar-lhe razão. De acordo com um comunicado emitido ontem pela concorrente Uzo, ao fim de cinco dias de oferta esta operadora registou 15 mil adesões ao serviço. A própria Rede4, na primeira hora após o lançamento do serviço, já tinha 920 aderentes.

É com base neste tipo de adesão que Manuel Ramalho Eanes diz que a Rede4 pretende chegar ao final de 2005 com 100 mil clientes e atingir uma quota de mercado de 10% em quatro anos (equivalente a um milhão de utilizadores).

O aparecimento destas marcas de baixo custo levanta a questão de saber se elas não levarão à canibalização do mercado, tendo em conta que acabarão por roubar clientes aos operadores tradicionais TMN, Vodafone e Optimus. "Nós queremos chegar ao maior número de clientes possível e não estamos preocupados com o que acontecerá aos concorrentes", sublinha Manuel Eanes. "Ainda assim, estamos convencidos que virão mais clientes da TMN e da Vodafone do que da Optimus" acrescenta.

Do lado da Uzo, o discurso é o mesmo. "Acabaremos por ganhar mais com os novos clientes que aderirem à Uzo do que com aqueles que saírem da TMN", adianta fonte oficial da operadora.

A única que ainda está à margem desta guerra de preços é a Vodafone Portugal, que não parece interessada em entrar nesta corrida. A empresa diz que "está atenta aos desenvolvimentos do mercado e adequará a sua oferta se entender que tal se justifica", mas não há planos para lançar uma marca deste tipo. A companhia entende que os seus tarifários são competitivos com os destes novos operadores, citando como exemplos os pacotes Yorn (Rede 10) e o Vodafone Simplicity.

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