Red Hot Chili Peppers, mais segurança e Slow J. O que fica do Super Bock Super Rock

Os cabeças de cartaz do primeiro dia deixaram boas recordações na 23ª edição deste festival. A segurança foi reforçada e Slow J já está contratado para 2018 no palco principal
Publicado a
Atualizado a

Segurança é tema obrigatório no balanço da 23ª edição do Super Bock Super Rock (SBSR). "Tudo o que tem a ver com a segurança é feita pelas autoridades policiais", nota Luís Montez, da Música no Coração, organizadora do festival. "O promotor só tem de pagar a fatura no final. Este ano, 50% mais cara que a do ano passado", adianta. "São as regras, tem de ter segurança, não podemos vacilar". E aqui, aproveita para dizer que "a segurança privada podia ter ajudado". Só nos estádios de futebol e nos aeroportos as revistas podem ser realizadas por assistentes de recinto. "Não temos o peso da FIFA, que conseguiu alterar a lei por causa do Euro 2004".

À entrada, Marco Raquel, um dos 15 coordenadores de segurança que trabalharam no SBSR nestes três dias (dispersos por 14 portas de emergência), confirma que as restrições de segurança aumentaram nos últimos 30 dias, mas, refere, "aqui entraram mochilas", ao contrário do que aconteceu após o atentado de Manchester, num concerto de Ariana Grande. Mas, apesar da espera mais longa, sobretudo em horas de ponta, as queixas principais não foram por causa da revista, "mas porque não há reentradas". "As pessoas não leem as letras pequenas, está escrito no bilhete, mas somos nós que damos a cara pela empresa", diz o chefe dos assistentes, funcionário de uma empresa de segurança, liderando, na porta principal, um grupo de 15 assistentes. Os cuidados, esses, vieram "para ficar". "Fomos todos empurrados para isto", afirma, quase como um desabafo, sobre as mudanças provocadas pelos atentados terroristas, que começaram por se notar no trabalho da polícia.

Como a própria Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou ao DN, na quinta-feira, em 2017 há mudança de paradigma na segurança. Os agentes estão fardados dentro do recinto do festival. "É dissuasor", considera o promotor. "Não podemos diabolizar isto da segurança, é uma das vantagens que Portugal tem". Luís Montez elogia o trabalho da PSP a partir das reações que ouviu do público. "Isto é uma coisa que não é muito normal, é uma evolução do país. Para além de prestarem o seu serviço, são bem-dispostos".

O balanço, em números, é este: o primeiro dia, aquele que tocaram os Red Hot Chili Peppers, esgotou; sexta-feira e sábado, a assistência foi de cerca de 18 mil, segundo Luís Montez, que criou o SBSR para Lisboa, o levou para o Meco e o trouxe de volta à capital em 2015. "Isto tem de evoluir para um festival premium. As pessoas já sabem que têm wi-fi gratuito, estacionamento, metro e comboio à porta, aeroporto a cinco minutos". Acrescenta: "Estou muito satisfeito com o posicionamento urbano que este festival tem, com uma arquitetura moderna boa, bonita, bons acessos, arte urbana". Este festival, diz, é "para tarados por música". "Querem ouvir boa música, não é tanto pelo camping, pelo convívio, pela viagem", começa, comparando com outro dos seus festivais, o Sudoeste. É um público exigente, quer ouvir com bom som, ir a uma casa de banho e não estar meia hora à espera, ar condicionado".

Luís Montez acredita que o número de estrangeiros não aumentou em relação a 2017. "Quando anunciámos os Red Hot, os portugueses foram em massa comprar. Esgotou em dezembro". E, ao terceiro dia, continuavam a ser aqueles de quem se falava. Percebeu-se, por exemplo, naquele stand onde se grafitavam t-shirts brancas, ouve-se nas respostas dos festivaleiros. "Viemos por eles", confirmam Ana Dias e Pedro Santos, de Lisboa. Ganharam convites num passatempo, venderam os bilhetes que já tinham comprado apenas para ver a banda norte-americana, saltaram a noite hip hop, aproveitaram o tempo livre este sábado para ver Deftones e Fatboy Slim, os nomes maiores do encerramento do SBSR. Experimentaram o festival pela primeira vez. "A localização é boa, gosto do espírito, há muito espaço", dizem, quase em uníssono. Pena "a acústica" no Meo Arena, diz ele. "Nem conseguia entender em que língua estavam a cantar", junta Ana, a propósito do concerto de Capitão Fausto.

Confirmou-se, nesta 23ª edição, a boa saúde do hip hop. Como há um ano, quando Kendrick Lamar encheu o Meo Arena e este ano com Future, em 2018 haverá um dia dedicado ao género, para o qual já há um nome (o primeiro e único) confirmado: o português Slow J. Sobre estrangeiros, nem uma palavra. "A concorrência é muita. Existem 700 festivais credíveis na Europa, quatro fins de semana por mês, verão é julho e agosto e acabou. Temos de concorrer e aliarmo-nos aos espanhóis. E também há disputa interna". No próximo ano, além do Nos Alive, também há Rock in Rio. O SBSR está marcado 19, 20 e 21 de julho.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt