Recurso absolve Kenteris e Thanou em escândalo olímpico

Um tribunal de segunda instância de Atenas anulou a sentença de 31 meses de prisão, com pena suspensa, a que tinham sido condenados Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou, velocistas que foram julgados sob a acusação de terem prestado falsos testemunhos às autoridades sobre um acidente que alegadamente simularam para escaparem a controlos de doping, na véspera da inauguração dos Jogos Olímpicos (JO) de Atenas 2004.
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Foram precisos sete anos para que se chegasse a uma conclusão relativamente a um caso que levou Kenteris e Thanou(na foto) a desistirem de participar nuns JO em que eram as grandes esperanças dos adeptos gregos para conquistarem medalhas: Kenteris era o detentor do título olímpico nos 200m e Thanou tinha conquistado a medalha de prata nos 100m de Sydney 2000.

Em Maio, um tribunal de primeira instância considerou que "o acidente nunca ocorreu", já que a moto com os dois atletas ia a 20 quilómetros por hora, não considerou credível a teoria de que havia óleo derramado na rua e nem sequer acreditou nas alegadas lesões sofridas pelos velocistas. No final, condenou por terem prestado falsos testemunhos, os atletas, as testemunhas do acidente e os médicos que assistiram os velocistas.

Os arguidos recorreram e venceram com a argumentação de que não ficou provado, além da dúvida razoável, de que o acidente tenha sido simulado. O próprio procurador recomendou a absolvição dos arguidos, diz a Associated Press, citada pela ESPN. O painel de três juízes anunciou a sua decisão no dia seguinte.

A onda de absolvições beneficiou o treinador dos atletas, Christos Tzekos, mas apenas em relação à acusação de falso testemunho. Tzekos continuará no seu registo criminal com uma condenação por posse e armazenamento de substâncias ilegais. Contudo, a sua sanção foi reduzida de 33 meses para 12, com pena suspensa por três anos.

Michalis Dimitrakopoulos, advogado de Kenteris, considera que a opinião pública nunca foi devidamente elucidada sobre este caso: os atletas, diz, não tinham motivo para simular um acidente à noite, pois já tinham sido convocados durante o dia para um controlo antidopagem por parte do Comité Olímpico Internacional (COI). "A infracção disciplinar já lá estava... Eles foram a um hospital que estava certificado para os JO, por isso se os oficiais [antidoping] quisessem poderiam ter recolhido amostras de sangue e urina lá, mas não o fizeram", argumentou, sem lembrar que bastam algumas horas para limpar o corpo de vestígios de dopantes.

O COI recusou fazer comentários à decisão do tribunal de apelo, mas Tzekos aproveitou para defender que "durante sete anos" Kenteris e Thanou nunca tiveram problemas com o controlo de dopagem, que nunca tentaram fugir aos testes e nunca se doparam. O treinador esqueceu que em 2006 os dois atletas aceitaram cumprir uma sanção de dois anos, imposta pela IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), por terem faltado a três controlos fora de competição, desaparecendo dos locais de treino que tinham indicado aos organismos desportivos nos formulários de localização, fundamentais para a realização dos testes surpresa.

Os velocistas foram inicialmente ilibados pela Federação de Atletismo grega e a IAAF recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), mas, antes das audiências, as partes chegaram a acordo.

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