Recuo do ministro deixa autarcas a clamar vitória

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No mesmo dia em que se reuniu com um "preocupado" José Sócrates para analisar a escalada de protestos contra o encerramento de serviços hospitalares de urgência a nível nacional, o ministro da Saúde, Correia de Campos, fechou negociações para a celebração de protocolos com os presidentes de seis municípios afectados. O protocolo, ontem assinado em Lisboa, deixou os seis autarcas "muito satisfeitos", conforme confessaram aos jornalistas. E parecem ter boas razões para isso: não só as urgências não encerram em Cantanhede, Espinho, Fafe, Macedo de Cavaleiros, Montijo e Santo Tirso como o Ministério da Saúde acaba de dar ainda mais garantias do que os autarcas esperavam à partida: além de se manterem as urgências, ampliam-se os horários de funcionamento dos centros de saúde e colocam-se viaturas especializadas em atendimento urgente à disposição dos municípios.

Em declarações ao DN, Correia de Campos confirmou ter estado reunido com o primeiro-ministro, entre o meio-dia e as 13 horas de sexta-feira, para debater a questão dos protestos, admitindo que o assunto "preocupa genericamente" não só José Sócrates como a ele próprio. Mas o ministro desmentiu que o chefe do Governo tenha assumido directamente o controlo da situação, como ontem noticiava o Público: "Estou tranquilo. A questão da confiança política não se põe."

Segundo apurou o DN, o conteúdo dos protocolos foi praticamente negociado em cerca de 24 horas, entre as noites de quinta e sexta-feira. "Só cerca das 23.30 [de sexta] chegámos a um consenso", revelou o presidente da Câmara de Cantanhede, João Moura - um dos dois sociais-democratas que selaram o acordo com Correia de Campos. O outro foi Beraldino Pinto, de Macedo de Cavaleiros. Entre os subscritores dos protocolos incluem-se dois membros da Comissão Política do PS: Amélia Antunes (Montijo) e Castro Fernandes (Santo Tirso). Um terceiro município deste lote, o de Espinho, também é presidido por um membro da Comissão Política "rosa" - José Mota, que se fez representar na cerimónia de ontem pelo vice-presidente.

"Nas próximas semanas e meses continuaremos com disponibilidade permanente", disse Correia de Campos, sublinhando estar "sempre receptivo" a escutar os autarcas dos concelhos incluídos no plano de encerramento das urgências hospitalares. Já no dia 2, o titular da pasta da Saúde recebe em audiência os autarcas do Alto Tâmega, designadamente os presidentes das câmaras de Chaves e Vila Pouca de Aguiar, também abrangidos naquele plano, que tem suscitado protestos generalizados. "Se receberem as mesmas garantias que nós, também eles chegarão a acordo com o Governo", vaticinou um dos autarcas que ontem puderam cantar vitória em Lisboa.

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