Reconversão de Sines sem apoios do Estado
Refinaria. Apesar de licenciado em menos de 30 dias, o projecto de reconversão do aparelho refinador nacional arranca com quase uma década de atraso em relação aos planos iniciais. O investimento avança agora sem as ajudas financeiras do Estado que foram prometidas por anteriores governos
Projecto da Galp teve licenciamento super-rápido
O Estado não deu apoios financeiros ao projecto de reconversão das refinarias da Galpenergia.
Aquele que ontem foi qualificado pelo presidente executivo da empresa, Ferreira de Oliveira, como o maior projecto industrial nacional, com um investimento da ordem de 1,2 mil milhões de euros, não recebeu incentivos financeiros públicos, confirmou ao DN, o presidente da AICEP Portugal (agência para o investimento). Basílio Horta esclarece que a reconversão das refinarias de Sines e Matosinhos, os primeiros dois investimentos a receber a qualificação de PIN (projectos de interesse nacional), beneficiaram de alguns incentivos fiscais, mas sobretudo da rapidez no processo de licenciamento que durou menos de 30 dias. Mesmo sem ajuda financeira do Estado, primeiro-ministro e ministro da Economia não faltaram ontem ao lançamento da reconversão da refinaria de Sines, onde José Sócrates simbolicamente fez a primeira aplicação de de cimento com uma pá e elogiou as empresas como a Galp que investem em tempo de crise.
Apesar do rápido licenciamento dos projectos de Matosinhos e Sines, a reconversão da aparelho refinador nacional arranca com quase uma década de atraso em relação ao projecto original da Petrogal, então também liderada por Manuel Ferreira de Oliveira. A falta dos fundos comunitários e nacionais, prometidos ainda pelo Governo de António Guterres não permitiu à petrolífera, também a braços com um conflito entre o Estado e a italiana ENI, lançar antes a optimização da refinaria de Sines.
Em causa está um investimento de 950 milhões de euros na reconversão do perfil da maior refinaria nacional. O objectivo é aumentar a produção de combustíveis de maior valor acrescentado como o jet para a aviação, e sobretudo, o gasóleo que o país importa para abastecer o mercado nacional. Com a instalação da unidade de hydrocracker, a Galp conseguirá aumentar em 71% a produção de gasóleo e diminuir em 24% a de fuel, um produto menos rentável. A nova unidade irá criar pouco mais de cem postos de trabalho, mas o seu principal impacto económico será sentido na balança de transacções, um saldo positivo de 800 milhões de euros resultante da redução de importação de diesel. A operação deverá arrancar no primeiro semestre de 2011.
Os investimentos na refinaria de Sines, que totalizam 1,2 mil milhões de euros, envolvem ainda projectos de eficiência energética e ambiental no valor de 150 milhões de euros, e a maior central de cogeração do país, com uma potência instalada de 82 MW (megawatts). Esta unidade, que custou 73 milhões de euros, já está a operar e permite à Galp a produção de vapor a partir de gás natural, cuja quantidade é equivalente à consumida pela cidade de Lisboa, mas sobretudo de electricidade que serve para auto-consumo, mas também para a venda à rede eléctrica.