Reconstituído ADN de fóssil humano mais antigo
Trata-se do fóssil humano mais antigo, onde foi encontrado ADN, neste caso mitocondrial (de transmissão materna).
Até agora, o mais antigo genoma humano sequenciado remontava de 70 mil a 80 mil anos e pertencia a uma menina, membro de um grupo de hominídeos, os "Homens de Denisova", parentes próximos de Neandertal e do Homem moderno, que transmitiram alguns dos seus genes aos habitantes atuais do sudeste asiático, em particular os da Papua-Nova Guiné.
O genoma revelado corresponde ao de um fémur com 400 mil anos, encontrado em Atapuerca, no norte de Espanha.
De acordo com a revista Nature, só em solo gelado foi possível, anteriormente, recuperar ADN com esta antiguidade, mas não era humano.
A equipa de investigadores do complexo arqueológico de Atapuerca e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, de Leipzig, na Alemanha, refere que as particulares condições da gruta "Sima de los Huesos", Património da Humanidade, permitiram a conservação excecional de ossos humanos.
A ausência de mutações mais recentes no genoma permitiu aos cientistas estimar que o hominídeo, ao qual pertencia o fémur, tinha pisado solo espanhol há 400 mil anos.
Se o "Homem de Sima" partilha traços com o "Homem de Denisova", também é certo, segundo o artigo da Nature, que divergia deste último cerca de 700 mil anos, o que intriga os antropólogos.
Para chegarem a estas conclusões, os cientistas compararam o ADN do "Homem de Sima" com o de Neandertal, de Denisova, dos humanos modernos e de macacos.
A gruta "Sima de los Huesos" é considerada a maior jazida de fósseis humanos do Pleistoceno Médio, com cerca de 500 mil a 120 mil anos.
Além de ossadas de animais, foram descobertos na gruta pelo menos 28 esqueletos completos de hominídeos, ainda que os seus ossos se encontrem muito fragmentados, dispersos e misturados.