Recife começa a embalsamar vítimas do 447

Vinte e um dias depois da queda do avião da Air France, famílias devem receber os primeiros cadáveres. Até agora foram resgatados 50  corpos ao Atlântico. O último chega hoje a terra
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Na chamada Morada da Paz está tudo pronto para receber os cadáveres do voo 447. Eles chegarão hoje e durante os próximos dias para serem embalsamados nas três capelas disponíveis para o efeito. Depois, poderão deixar o Nordeste do Brasil e ser levados de volta para os seus países.

A empresa contratada para executar aquela técnica de preservação dos cadáveres poderá começar a libertar os corpos das vítimas a partir de hoje, precisamente 21 dias depois de o avião da Air France que fazia a ligação entre Rio de Janeiro e Paris se ter despenhado com 228 pessoas a bordo.

Até agora, foram resgatados ao oceano Atlântico 50 corpos. À excepção do último cadáver encontrado, que chegará apenas hoje a Recife, os outros estão há dias no Instituto de Medicina Legal daquela cidade. Porém, nenhuma vítima foi identificada.

Segundo o jornal Estadão, o embalsamamento está a cargo de uma equipa de técnicos escolhidos pela seguradora da Air France - que mantém o anonimato. O processo demorará entre duas e quatro horas por cadáver e permitirá disfarçar a decomposição dos corpos após vários dias no mar.

Guilherme Lithg, o director da funerária Villa, que apoiará no processo, explicou que as operações serão realizadas numa área reservada aos técnicos e familiares das vítimas, a quem cabe assinar as certidões de óbito.

Junto com o último corpo resgatado chegará hoje a terra uma pequena quantidade de destroços e bagagens recolhidos nos últimos dias. Militares falaram num "saco com despojos", mas não revelaram se contém restos humanos.

A chegada de mais estas "provas" para ajudar os investigadores franceses a compreender as razões que levaram à queda súbita do Airbus 330 acontece numa altura em que já é pouca a esperança em encontrar novos destroços ou cadáveres.

Sábado, a frota de navios franceses e brasileiros não fez nenhuma nova descoberta e o exército brasileiro decidiu retirar um avião- -radar da zona de busca.

O Embraer R-99, especializado em buscas nocturnas, esteve três semanas a voar a mais de mil quilómetros da costa brasileira e ajudou a delimitar a zona do acidente. As autoridades brasileiras estão agora a reavaliar a cada dois dias a decisão de prosseguir as buscas.

Mas enquanto no ar o esforço abranda, um submarino francês continua a vasculhar o oceano à procura das caixas negras do Airbus despenhado. As caixas deixarão de emitir um sinal de localização dentro de uma semana.

Mas aquele sistema de registo de voz e dados do avião pode ser a chave que permitirá aos investigadores franceses resolverem o mistério do acidente do 447. O avião emitiu várias mensagens automáticas de erro nos últimos quatro minutos de voo, que coincidiram com a entrada numa tempestade.

As más condições atmosféricas - incluindo a possibilidade de o avião ter sido atingido por um raio - podem ter contribuído para o acidente, mas os especialistas dizem que não explicam tudo.

Uma das teorias mais fortes é que o avião voaria a uma velocidade errada. A entrar numa zona de turbulência, o piloto teria sido induzido em erro pelos censores de velocidade. Essa hipótese levou a Air France a substituir os censores de todos os Airbus.

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