Receio do islamismo dispara na Holanda

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Quando, ontem, em Amesterdão, se realizavam as cerimónias fúnebres do realizador Theo van Gogh, assassinado, no dia 2, em nome do islão radical, uma sondagem publicada na Holanda indicava que 40% dos holandeses desejam que os muçulmanos sejam afastados do país. A Holanda, com 16 milhões de habitantes, acolhe um número estimado de 900 mil muçulmanos, dos quais 300 mil são de origem marroquina.

A sondagem indica que 90% da população reclamam o reforço da luta contra o terrorismo mesmo que em detrimento das liberdades individuais e 80% esperam que o assassínio de Theo van Gogh dê azo a uma política de integração «mais dura». A sondagem, publicada em vários jornais regionais, teve como base um universo de 1857 pessoas interrogadas, com idades entre 15 a 80 anos.

Apenas centena e meia de familiares e amigos próximos de Theo van Gogh foram admitidos no edifício onde o corpo do realizador foi cremado, enquanto no exterior do cemitério centenas de pessoas acompanharam diante de ecrãs gigantes as cerimónias, que, de resto, foram transmitidas em directo pela televisão pública holandesa .

Theo van Gogh, de 47 anos, era um crítico da sociedade multicultural. O seu assassino, Mohammed Bouyeri, tem dupla cidadania - holandesa e marroquina. A polícia, que encontrou um panfleto deixado sobre o cadáver, considera que Mohammed actuou em nome do islão radical. O panfleto foi redigido com expressões islâmicas e continha ameaças de morte contra outras personalidades holandesas.

Afastando, todavia, a hipótese de se tratar de um acto isolado, os investigadores orientam-se agora para uma pista de conspiração terrorista. Mais quatro marroquinos e um argelino que não possuem nacionalidade holandesa acabaram por ser detidos no quadro das investigações, acusados, juntamente com Mohammed, de «participação em organização criminosa com finalidades terroristas».

Também ontem, segundo o diário De Volksrant (de Haia), as autoridades lançaram-se na busca de um sírio que, segundo a polícia, terá desempenhado um papel de agente intermediário entre diversas células terroristas relacionadas com o assassínio de Theo van Gogh, as ameaças contra o deputado holandês Geert Wilders e ainda «com a preparação de atentados contra edifícios públicos». O sírio, agora alvo dos investigadores, será conhecido pelas iniciais A. I. ou A. K., chegara à Holanda em Outubro passado e fora extraditado para a Alemanha com base no seu estatuto de ilegal nos Países Baixos.

A eclosão violenta do terrorismo islâmico num país até agora poupado a este tipo de atentados suscitou uma vaga de emoção e um sentimento generalizado de medo. Segundo os serviços holandeses, cerca de 100 a 200 extremistas islâmicos, muitos deles antigos combatentes do Afeganistão e da Chechénia, estão activos na Holanda.

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