Razões económicas explicam popularidade
Putin é de facto popular. As razões são complexas, têm a ver com a imagem da Rússia no mundo, mas sobretudo com a melhoria da situação económica da população.
Nos primeiros nove meses deste ano, o salário médio real aumentou 16,2% e o rendimento disponível 12,9%, números oficiais. O Banco Mundial estima que o salário mensal médio, em dólares, tenha aumentado 31% no mesmo período, atingindo 500 dólares (330 euros). No final do ano, poderá ser de 520 dólares. Apesar da inflação e do custo dos alimentos (o pão está 20% mais caro), o crescimento dos salários nominais, que foi acima de 20% em todos os sectores, implica que o cidadão comum sente ter mais dinheiro no bolso.
A Rússia enriqueceu com Putin no poder graças aos elevados preços da energia. Medido em dólares, o PIB russo aumentou quatro vezes, entre 2000 e 2007, tendo ultrapassado 970 mil milhões de dólares. O crescimento do produto, este ano, será de 7%.
O Kremlin acumulou uma fortuna em reservas externas, tem capital e está a investir, mantendo um importante excedente orçamental. As indústrias estão em expansão. No ano passado, o desemprego era de 7,3%; este ano, estará abaixo de 6,5%. Todos estes números mostram que a situação do cidadão comum melhorou, mas escondem problemas que, a prazo, ameaçam a recuperação.
O aumento dos salários foi superior à produtividade e a inflação está a aumentar, o que pode gerar descontentamento. Com o rublo a valorizar-se, o país perde competitividade. Moscovo depende da venda de petróleo e gás natural. Tem matérias-primas, mas falta-lhe tecnologia.
Mais grave é a questão demográfica. Entre 2000 e 2025, a Rússia deverá perder 12% da sua população, ou 17 milhões de pessoas, devido a uma taxa de natalidade assustadoramente baixa. E o envelhecimento da força de trabalho cria novas pressões na competitividade do país.|-L. N.