Rara vitória da conservação na recuperação da população de gorilas da montanha
A organização com sede na Suíça revelou que a situação dos gorilas da montanha passou de "criticamente ameaçados" para "ameaçados", uma designação mais favorável, mas ainda precária.
Atualmente, existem pouco mais de mil animais da espécie em meio selvagem.
"No âmbito do decréscimo das populações na vida selvagem, no mundo, isto é um considerável sucesso da conservação", disse Tara Stoinski, presidente e investigadora principal do Fundo Gorila Dian Fossey, organização sem fins lucrativos que tem o nome da investigadora cujo trabalho ajudou a chamar a atenção internacional para os gorilas da montanha e cujas memórias serviram de base ao filme de 1988 "Gorilas na Névoa", protagonizado pela atriz Sigourney Weaver.
"Isto é um farol de esperança e está a acontecer em países recentemente devastados pela guerra e que continuam muito pobres", afirmou Stoinski, que integra o grupo de peritos que recomendou a alteração da classificação.
Os gorilas da montanha vivem em florestas húmidas numa zona de vulcões adormecidos no leste de África. O seu habitat estende-se por parques nacionais que abrangem partes do Ruanda, do Uganda e da República Democrática do Congo.
Dian Fossey, que morreu em 1985, estimou que os grandes primatas poderiam estar extintos em 2000. No entanto, as populações têm estado a recuperar lentamente, graças a esforços internacionais de conservação sustentados e bem financiados.
"Fizemos esforços ao nível da proteção, em termos de proporcionar um ambiente onde os gorilas da montanha possam continuar a prosperar e a crescer", referiu Anna Behm Maso Masozera, diretora do Programa Internacional de Conservação de Gorilas, sediado em Kigali, Ruanda.
"Mas é importante ver que o número de gorilas da montanha pode recuar muito rapidamente. Continuamos a ter apenas duas populações pequenas e frágeis", divididas pela área de dois parques nacionais.
Masozera apontou como fator-chave para a modesta recuperação dos gorilas da montanha, o reforço pelos três governos das fronteiras dos parques, zonas onde a caça, exploração de madeira e estradas pavimentadas são ilegais.
O turismo também ajuda: Os visitantes pagam mais de 1.500 dólares (cerca de 1.300 euros) por hora para verem os gorilas, verba que ajuda a pagar os guardas do parque.
"O turismo ecológico de primatas, bem feito, pode ser uma força verdadeiramente significativa para financiar a conservação. Dá aos governos locais e às comunidades um incentivo económico tangível para proteger estes habitats e espécies", acrescentou Russ Mittermeier, agente responsável pela conservação no Global Wildlife Conservation.
Há também cuidados médicos. Os Médicos de Gorilas, um grupo não governamental, treinaram uma equipa de veterinários em cada um dos países onde os gorilas de montanha vivem.
Caçar nos parques nacionais é ilegal, mas os residentes nas imediações continuam a montar armadilhas para apanhar outros animais, como antílopes. As armadilhas podem também apanhar os braços e as pernas dos gorilas.
Quando os gorilas são encontrados a debaterem-se com as armadilhas, os veterinários são chamados para limpar as feridas. Kirsten Gilardi, diretora norte-americana do Médicos de Gorilas, chama-lhe "conservação extrema".
Outros especialistas dizem que a intervenção de emergência dos veterinários representa um papel fulcral na manutenção das populações de gorilas.
"É uma vitória total da conservação e não há muitas", declarou Gilardi.