Raparigas ficam mais deprimidas ao usar as redes sociais
Mais tempo passado nas redes sociais, mais sujeitas a bullying online e poucas horas de sono explicam o facto de as raparigas sofrerem mais de depressão que os rapazes.
Cerca de três quartos das raparigas de 14 anos que apresentam sintomas de depressão têm baixa autoestima, não estão satisfeitas com a sua aparência e dormem sete horas ou menos por noite, segundo uma investigação da University College London citada esta sexta-feira pelo The Guardian. "As raparigas, ao que tudo indica, estão a enfrentar mais essas situações que os rapazes", explica a professora Yvonne Kelly, que liderou a equipa que fez o estudo agora divulgado.
Estes resultados chamam a atenção para os problemas relacionados com a saúde mental que as adolescentes enfrentam num momento da sua vida em que, por exemplo, a aparência é um facto importante para o seu bem-estar. O não sentir-se bem pode levar a situações de autoflagelação ou pensamentos suicidas.
O estudo sobre a vida das crianças inglesas que se iniciou em 2000 - Millennium Cohort Study - e inclui 11 mil entrevistas a jovens de 14 anos, mostrou à equipa de investigação que uma percentagem elevada das raparigas passa muito tempo a usar as redes sociais, mais do que os rapazes. Descobriu-se que duas em cada cinco usa as redes sociais - principalmente o Instagram, WhatsApp ou o Faceboob - pelo menos três horas por dia.
"A ligação entre a utilização das redes sociais e os sintomas depressivos foi mais forte nas raparigas", explica Ivonne Kelly. Por exemplo, enquanto 7,5% das raparigas até aos 14 anos foram vítimas de assédio online nos rapazes essa percentagem ficou em 4,3% dos inquiridos.
O padrão de diferenças repetiu-se quando os jovens foram questionados sobre outros aspetos dos seus sentimentos e comportamentos.
A dependência das redes sociais também está associada aos mais hábitos de sono, especialmente em que apresenta sinais de depressão. No caso metade das raparifas e um quarto dos rapazes assumiram que não conseguiam dormir muitas horas.
Os autores do estudo garantem que a interrupção do sono se deve ao facto de estarem acordados durante muitas horas para poderem estar online e depois quando adormecem são acordados pelos alertas que recebem no telefone que, por norma, têm ao seu lado.
"Inevitavelmente, há a questão do ovo e da galinha. As crianças estão insatisfeitas com o seu corpo e com a falta de amigos vão passar mais tempo nas redes sociais, o que os pode levar a uma confiança e saúde mental mais precárias", adiantou ao The Guardian Stephen Scott, diretor da academia nacional para a pesquisa sobre paternidade no Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College London.