Rangel posiciona-se como alternativa a Passos (outra vez)
Quanto menos voluntários surgem para representar o PSD nas principais candidaturas autárquicas (com Lisboa e Porto logo à cabeça) mais são os nomes referidos como potenciais concorrentes à sucessão de Passos Coelho na liderança do partido. Há candidatos derrotados por Pedro Passos Coelho em 2010, como Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco, que estão cada vez mais atentos às movimentações em curso, não descartando a hipótese de eles próprios avançarem.
Rangel vai observando de Bruxelas, faz contactos - e conta com o apoio de um peso-pesado do tempo de Durão Barroso, o ex-ministro da Presidência Nuno Morais Sarmento, cuja voz se tem mantido ativa nos media. Deverá ter também do seu lado o eurodeputado José Manuel Fernandes, presidente da distrital de Braga.
O facto de Rui Rio ter assumido (numa entrevista ao DN há um mês) que ele próprio poderá ser alternativa dentro do PSD ao atual líder em 2018 - se, como disse, "até lá o partido não conseguir descolar" - levou outros a intensificar contactos visando angariar apoios.
Luís Montenegro - que se mantém lealmente apoiante de Passos e desempenha o difícil cargo de líder parlamentar do partido - é há muito também referido como putativo candidato. Marco António Costa, vice-presidente do PSD, tem-se movimentado e Miguel Relvas também. Há dias, Nuno Morais Sarmento lançou outros dois nomes: Pedro Santana Lopes e Marques Mendes, ambos ex-líderes do partido - o primeiro entre 2004 e 2005 e o segundo de 2005 a 2007. Um dirigente do PSD que os conhece bem disse ao DN que ambos "têm um problema mal resolvido" com a liderança do PSD: "Quem sai a mal do lugar fica sempre com o assunto por resolver." Santana deixou a liderança do PSD depois de ter sido esmagadoramente derrotado pelo PS de Sócrates em eleições legislativas (as únicas na história em que os socialistas obtiveram maioria absoluta). Já Marques Mendes foi surpreendentemente derrotado em 2007 pelo seu antigo amigo Luís Filipe Menezes (cuja presidência do PSD não durou um ano). Mendes já disse e repetiu que exclui em absoluto voltar às lides partidárias mas Santana não. Na verdade, o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa só se autoexcluiu de uma candidatura à câmara da capital - mas não do PSD.
O momento crítico será o das próximas eleições autárquicas (setembro/outubro de 2017). Um mau resultado do PSD poderá fazer que a atual luta de bastidores venha à superfície. Atualmente pelas bases do partido já se ouvem desabafos quanto à capacidade de Passos para voltar a mobilizar o eleitorado de novo, como em 2011 ou em 2015.
O problema para o líder do PSD é que o seu partido parte para as eleições locais com uma enorme desvantagem face ao PS. Em 29 de setembro de 2013, o PS ficou muito perto da maioria absoluta, conquistando 149 presidências de câmaras (num total de 308).
Já o PSD ficou com apenas 106 presidências, e dessas vinte foram liderando coligações (envolvendo quase todas o CDS, mas nalgumas também o PPM e/ou o MPT). Por outras palavras: o PS tem uma vantagem de 43 câmaras sobre o PSD, diferença que ninguém perspetiva que seja anulável num ano, sobretudo quando o partido revela dificuldades a escolher candidato a câmaras como as de Lisboa ou do Porto.