Rabah Madjer:"O meu golo foi mais especial"
Ontem, no Qatar, um telefone tocou e Rabah Madjer viajou no tempo até parar na noite de 27 de Maio de 1987. "Sim, já sei que o Falcao [anteontem, frente ao Atlético de Madrid] fez um golo espectacular, como o meu. É uma honra que continuem a lembrar-se de mim cada vez que há um golo de calcanhar", confessou Madjer, ao DN.
Há 22 anos, o calcanhar argelino valeu a vitória do FC Porto sobre o Bayern de Munique, na final da Taça dos Campeões. Anteontem, o calcanhar colombiano abriu caminho ao triunfo sobre o Atlético de Madrid. Ao final da tarde, quando falou com o DN, Madjer ainda esperava "ir para casa, ver o golo". Mas já dizia maravilhas do seu autor, que tinha 15 meses em Maio de 1987. "Conheço Falcao dos jogos da liga argentina, que eu comentava no canal Al Jazeera: Ele é um goleador, muito bom jogador; e pode ser ainda melhor se souber crescer no FC Porto", avalia o antigo avançado, que comentou futebol na tv qatari, durante sete anos.
Então e como é ver que, 22 anos depois, qualquer calcanhar ganha o nome de Madjer? "É uma honra, mesmo uma grande honra, fiquei na história do futebol", congratula-se o argelino, de 51 anos, que ainda não encontrou um golo de calcanhar melhor do que o daquele 27 de Maio. "Esse foi o mais especial, pois foi contra o Bayern e valeu a Taça dos Campeões Europeus". Mas Madjer até marcou um mais bonito. "Foi uns meses depois, nas Antas, após passe do Jaime Magalhães, num jogo com o Belenenses, que ficou 7-1. Nesse dia fiz três golos".
Rabah Madjer admite a "felicidade" de se manter no coração dos adeptos portistas, 22 anos depois. Mas nem se importa de ver repetidos os seus feitos. Com a mesma satisfação com que ouviu falar do golo de Falcao, espera pelo sucesso europeu dos portistas. "O FC Porto está no grupo dos grandes europeus e tudo pode acontecer... Quem sabe se não repetem 1987?", sugere o argelino.
O desejo de sucesso portista não surge por acaso. Madjer ainda tem casa no Porto, mantém contacto com a "classe de 87" ("Juary, João Pinto, André...") e até sonha voltar a Portugal, como treinador. "Deixei a Al Jazeera porque quero voltar a treinar. Estou em contactos com o meu agente e gostava que surgisse oportunidade de ajudar o futebol português", afirma. Irá ensinar aos discípulos a magia do calcanhar?