Quinze por cento dos adolescentes fumam 'cannabis'
O consumo de drogas entre os adolescentes portugueses continua a aumentar. Embora o País apresente os índices mais baixos do conjunto das 35 nações analisadas no relatório do ESPAD, de 1999 para 2003 a percentagem de jovens de 16 anos que admitiram ter já consumido substâncias ilícitas subiu de 12 para 18 por cento. A cannabis é a droga que mais adeptos acolhe, com 15 por cento dos jovens a admitir já a ter experimentado - mais seis por cento que em 1999 - e oito por cento a tê-lo feito nos últimos 30 dias. Uma droga que os alunos consideram cada vez mais «fácil» de adquirir.
De acordo com os dados divulgados no estudo, 29 por cento dos alunos portugueses consideram que é «muito fácil» ou «fácil» adquirir cannabis, sobretudo na rua ou na casa do dealer. Os números indicam ainda que se tornou mais difícil a aquisição em discotecas. Também no caso de «outras drogas que não a cannabis» o consumo aumentou de seis para sete por cento nos últimos quatro anos. Um acréscimo registado em todas as substâncias, excepto nas anfetaminas e na heroína.
Para a investigadora do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) Fernanda Feijó, «esta é também uma questão de moda» e «a cannabis pode ter-se banalizado como droga de eleição», ou «os miúdos podem ter interiorizado que é menos perigosa e se pode fumar em todo o lado». A técnica, salienta, no entanto, que «o au- mento não é muito relevante, porque Portugal continua a estar abaixo da média». Mais o País começou o consumo muito mais tarde, sendo natural que ainda não tenha estabilizado. «É necessário é prevenção para evitar que cheguemos a esses níveis», diz ao DN.
Apesar de os dados do ESPAD compararem só jovens de 16 anos, as respostas recolhidas em Portugal, disponíveis na Internet, incluem alunos menores e demonstrando uma prevalência de uso de cocaína e ecstasy entre jovens de 14 anos, semelhante à dos de 16 anos.
Quanto ao álcool são cada vez mais frequentes os padrões de consumo intensivos. Em Portugal, 48 por cento dos inquiridos admitiram ter bebido álcool no último mês e 15 por cento reconhecem ter tomado cinco ou mais bebidas seguidas numa mesma saída, pelo menos três vezes nos últimos 30 dias. As bebidas espirituosas são as que têm mais sucesso 45 por cento das bebidas alcoólicas ingeridas. Trinta e oito por cento consideram que a maioria dos seus amigos bebe álcool. No entanto, Portugal surge entre os países com mais baixo nível de embriaguês (32 por cento dizem já se ter embebedado; 14 por cento nos últimos 30 dias) e com um dos mais elevados níveis de abstinência: 22 por cento.
No que concerne ao tabaco, 28 por cento dos estudantes admitem ter fumado nos últimos 30 dias e nove por cento reconhecem ter começado com 13 anos. A maioria (59 por cento) não considera nocivo fumar um maço ou mais por dia.