Químicae humor

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C hamam-se Luís Piçarra, Paulo Martins e Olivier Bonamici - e, se não são reconhecidos pelo grande público como a melhor equipa de comentadores desportivos da TV portuguesa, é apenas porque estão no Eurosport. Os fervorosos do ciclismo não gostam muito: acusam Piçarra de falta de background, Martins de ser um bronco no tratamento da língua portuguesa e Bonamici de estar a perder a graça. Mas o ciclismo é uma modalidade desacreditada - e entre os fervorosos, hoje em dia, já só restam senão os fanáticos. Os fanáticos são maus juízes.

Ao longo destas três semanas, em que a tripla vem ocupando longas horas de emissão com o acompanhamento da Volta à França, já tivemos de tudo. Acumulámos informação sobre a história do ciclismo, pusemo-nos a par das actuais tendências da modalidade, percebemos a importância da estratégia da etapa e da táctica da corrida - e ainda nos rimos longamente com as calinadas de Paulo Martins ou as memórias de Olivier Bonamici. E, sobretudo, pudemos colocar-nos uma questão essencial: porque é que o comentário de futebol, o desporto que mais paixão gera entre nós, deixou de ser assim?

Porque é que não há, entre os narradores e os comentadores de futebol, a mesma química que Luís Piçarra consegue no Eurosport? E porque é que aos comentadores de futebol já não é permitida a paixão simples de Paulo Martins ou o humor verrinoso de Olivier Bonamici? Porque o futebol é uma coisa absolutamente séria. O que é, claro, o pior de tudo.

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