Questão central da atualidade: dar resposta aos problemas da nossa vida

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As últimas semanas têm sido férteis no empolamento de episódios lamentáveis, desviando-se a atenção dos problemas centrais da vida das pessoas.

A vida está mais difícil, os trabalhadores e os reformados perdem poder de compra, os preços de bens essenciais continuam a aumentar, os preços com a habitação são cada vez mais elevados, crescem as dificuldades no acesso à saúde. As famílias vivem com a angústia de poder vir o dia em que não conseguem pôr comida na mesa a todas as refeições ou de não conseguirem pagar as despesas com a habitação e de poderem ficar sem casa.

Anúncios e propaganda não têm faltado da parte do governo. O que falta mesmo são as respostas para resolver os problemas. O governo refugia-se nos indicadores económicos, afirmando que o País está melhor. Mas se assim é, porque é que isso não se reflete na vida das pessoas? Se a economia está a melhorar, mas a vida das pessoas não, quer dizer que há quem esteja a ganhar e muito.

Se a economia está melhor, porque o governo não aumenta o salário mínimo nacional para 850 euros, porque não valoriza efetivamente os salários dos trabalhadores da Administração Pública e não põe fim à caducidade da contratação coletiva, para permitir a valorização geral dos salários? E porque não valoriza as pensões? Porque não faz, se tem condições para o fazer? Não faz porque não quer. Não faz porque o governo PS não queria a maioria absoluta para encontrar soluções para os problemas, mas sim para favorecer os grupos económicos como se tem visto.

Os cinco principais bancos em Portugal obtiveram mais de 2,5 mil milhões de euros de lucros em 2022, e no primeiro trimestre de 2023 os lucros aumentaram 54% para mais de 900 milhões de euros. Não só o governo nada fez para travar a transferência de rendimentos do trabalho para o capital (contando com a convergência de PSD, CDS, IL e CH), à custa das múltiplas comissões e do aumento das prestações do crédito à habitação suportado pelas famílias, não pôs os lucros da banca a pagar o aumento das taxas de juro, como ainda suspendeu os certificados de aforro, a favor da banca.

Na grande distribuição não é diferente. Os lucros da Jerónimo Martins e da Sonae atingiram mais de 700 milhões de euros em 2022, mas o governo PS, conjuntamente com PSD, IL e CH recusaram o controlo e a redução de preços de bens essenciais. O impacto do IVA Zero é extremamente reduzido, como a vida está a comprovar, quando há produtos alimentares que aumentaram 20%, 30% ou mais. A verdade é que os preços continuam elevadíssimos.

Não é por acaso, que partidos como PSD, CDS, IL e CH procurem simular divergências sobre os aspetos acessórios e laterais, porque nas questões de conteúdo, alinham com o PS no favorecimento dos grupos económicos e financeiros. Que fariam de diferente? Estão de acordo com a atribuição de benefícios fiscais às grandes empresas e à banca, estão de acordo com a transferência de cuidados de saúde para os grupos privados do negócio da doença, estão de acordo com a privatização da TAP. Por eles até iriam mais longe neste caminho de privatização e de benefício dos grupos económicos, que não serve os trabalhadores e o povo, nem dá resposta aos seus problemas.

O progresso e o desenvolvimento do país, assim como a elevação das condições de vida, exigem a valorização dos salários e pensões, uma justa distribuição da riqueza criada, o controlo e redução de preços de bens e serviços essenciais, uma justa política fiscal, que alivie a tributação sobre os rendimentos de trabalho e as micro, pequenas e medias empresas e taxe efetivamente o grande capital, a promoção da produção nacional, o controlo público de setores estratégicos da economia, o acesso à habitação, o reforço da capacidade do Serviço Nacional de Saúde, o investimento na escola pública.

Líder da bancada parlamentar do PCP

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