Quero viver no Uruguai
Estive esta semana no Uruguai num Congresso de Empresários cristãos latino americanos. Tive a oportunidade de conhecer o Presidente da República, Luis Alberto Lacalle, um político que assumiu a presidência no dia 1 de março de 2020.
Quinze dias depois começava o drama da pandemia -- o desconhecimento, o medo, a necessidade de proteger as pessoas e a exigência de manter a economia a funcionar.
Sabendo que não havia solução perfeita e que as diferentes exigências exigiam decisões totalmente opostas, tomou uma decisão de grande coragem.
Confiou no seu povo e, em vez de decretar um confinamento -- postura autoritária policial e não democrática - decidiu apelar a uma liberdade consciente.
Não conheço outro caso de tanta coragem, respeito e seriedade.
Liberdade consciente significa que cada um tem que tomar em suas mãos a responsabilidade do bem comum.
O que cada um decidir fazer que ponha em causa a vida dos seus concidadãos fica na sua consciência, não é punível pela lei, pois nada foi proibido.
Parece-me que é preciso ser um grande homem para poder ter a coragem de confiar assim no seu povo e é necessária uma enorme coragem para pôr nas mãos dos outros a forma de fazer frente a uma crise que foi muito intensa em todo o Mundo.
Foi este homem que esteve na abertura do congresso em que participei em Montevideu e com quem tive a sorte de conversar e conhecer.
Neste evento, ao contrário do que seria de esperar, o presidente Lacalle não avançou para o púlpito para fazer o seu discurso e nem sequer aproveitou o momento para anunciar as suas grandes conquistas.
Apenas quis conversar com quem representava a organização para conhecer melhor o que fazia e que influência teria na economia do seu país e do Mundo.
Depois, sentou-se na plateia e apenas assistiu a uma entrevista aos responsáveis pelo trabalho de mudar as empresas no sentido de as humanizar, de as tornar responsáveis pelas pessoas, pelo nosso planeta e pelo Bem Comum.
E assistiu com atenção.
No fim levantou-se e saiu saudando simpaticamente todos os que com ele se foram cruzando. Foi interpelado pela imprensa e não fez grande ruído: respondeu que haveria de lhes dar notícias no final do dia e nada mais.
Naquilo que me disse, o que mais me impressionou foi a sua convicção no seu optimismo.
Sem optimismo não se avança, não se arrisca e só um optimista pode levar em frente o seu país.
Nu fundo, um grande líder, que poderia ter sido empresário, mas escolheu servir o seu povo oferecendo-lhe a grandiosidade do respeito e da confiança.
E é este homem que, em face da recente subida abrupta da inflação, não teve uma dúvida de aumentar os salários mais baixos da função pública e dos reformados, condicionando os restantes acima de um determinado valor e exortando as empresas privadas para fazerem o mesmo, antecipando os aumentos previstos para o ano que vem.
Pois, se for para ser um político assim vale bem a pena.
bruno.bobone.dn@gmail.com