Quem viaja para o Brasil deve levar vacina contra a febre-amarela
A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda a todas as pessoas que viajam para o Brasil que se vacinem contra a febre-amarela. O alerta publicado ontem na página da DGS surge depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter dado conta do aumento do número de casos, em particular no estado de São Paulo, que se juntou a Rio de Janeiro, Minas Gerais e distrito federal (Brasília). Entre 1 de julho de 2017 e 14 de janeiro de 2018, foram notificados 35 casos confirmados, incluindo 20 mortes, informa o comunicado da DGS; estão em investigação outros 145.
Desde 2016 que o Brasil tem-se visto a braços com surtos de febre-amarela em alguns estados. O último a integrar a lista de preocupação das autoridades foi São Paulo, para onde viajam poucos portugueses em turismo, "é a capital do negócio, mas de turismo não é expressivo", como lembra Nuno Mateus, vice-presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Porém, o Brasil "é um destino que está a recuperar, foi o destino com maior procura no fim de ano", acrescenta. Os portugueses viajam essencialmente para o Nordeste brasileiro (Recife, Fortaleza e Salvador da Bahia) e o Rio de Janeiro. Embora a época de Carnaval nem seja das que levam mais turistas ao outro lado do Atlântico, quem viaja deve aconselhar-se na consulta do viajante e vacinar-se.
Entretanto, as autoridades brasileiras têm promovido vacinações em massa nos estados com casos de febre-amarela. No estado de São Paulo, desde janeiro de 2017, morreram pelo menos 36 pessoas na sequência do surto, divulgaram as autoridades sanitárias locais no boletim semanal da Secretaria Estadual de Saúde. Este é o estado mais populoso do Brasil, com 45 milhões de habitantes. No total, foram ainda detetados 81 casos de contaminação com a doença, face aos 40 registados sete dias antes. A cidade mais afetada de todas, Mairiporã, com 14 óbitos, situa-se às portas da capital estadual, uma megalópole por onde circulam cerca de 20 milhões de pessoas todos os dias, o que aumentou o alerta.
Antes do surto atual, 135 países, incluindo os vizinhos Bolívia e Paraguai, já exigiam certificado de vacinação de viajantes provenientes do Brasil. Na última semana, a Europa recomendou imunização, num alerta publicado pela Agência Europeia de Controlo de Doenças. O órgão estima que um milhão de pessoas se desloquem da Europa ao país sul-americano nos próximos dias, em virtude do verão no hemisfério Sul e da aproximação das festas de Carnaval. "Existe um aumento de possibilidade de transmissão urbana", lembra o organismo.
Este alerta, juntamente com a notificação da OMS do aumento de casos, levou a DGS a emitir um novo comunicado sobre o Brasil e a febre-amarela. O último era precisamente de janeiro do ano passado, quando o estado de Minas Gerais entrou na lista dos afetados pelo surto. Já então era recomendada a vacina - basta uma dose para garantir imunidade para a vida - a todos os viajantes.
Há registo de um turista holandês com febre-amarela já depois de regresso ao seu país. Num mês em que as praias e os resorts brasileiros se enchem de turistas, o caso do holandês levou a OMS a decretar, desde a semana passada, alerta no estado de São Paulo, epicentro do surto atual. Em 2016 e 2017, foram Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo os mais visados, com mortes acumuladas de 262 pessoas e 1659 animais.