Quem não era famoso também entrou

Publicado a
Atualizado a

As salas obscuras a que nos habituámos nos velhos casinos, cheias de fumo e de caras carregadas, deram lugar ao brilho dos espaços de design e de linhas modernas, coloridos, cheias de luz e cor, como uma continuidade do fogo-de-artifício que marcou a abertura oficial do novo Casino Lisboa.

Quando a comitiva oficial com os convidados de primeira linha passou ao auditório para assistir ao espectáculo de Natalie Choquette, as fichas ainda continuava alinhadas nas mesas de jogo, a reluzir, sem uma impressão digital. As máquinas multibanco operacionais. Os croupiers, gente nova, caras bonitas, eles de camisa branca bem vincada e colete rosa, elas de saia curta, sem denunciar qualquer nervosismo, sorriam com todo o profissionalismo para os fotógrafos. Por agora só o disparo dos flashs soava na zona de jogo.

A juke box começou a soar quebrando o gelo que parecia ter alastrado das letras esculpidas na tenda VIP para o interior do recinto. Até que pelas 21.20, dez minutos antes do que estava anunciado em letras grandes no exterior do casino, abriram-se as portas para dar passagem ao público. Entrou gente simples, vestida como todos os dias, de jeans, ténis, camisas de quadrados, blusas de malha debotada, sem nenhum toque de glamour. "Olha, aqui são as máquinas.", comenta uma senhora. "Oh, pá, há tantas... Nunca tinha visto nada assim, mas é bonito, foi dinheiro bem empregue, lá isso foi.", disse outra. Percorreram de olhos arregalados todo o espaço, mão colada à mala, sem gastar um tostão.

Num ápice tilintavam fichas a um ritmo impressionante, por agora pode ser em jeito de brincadeira, mas o vício já andava no ar. Enquanto as máquinas no piso térreo não chegavam para as encomendas, as mesas de jogo começavam timidamente.

Na fila para a caixa, que engrossava com o passar dos minutos, viam- -se maços de notas na mão. "Vou trocar tudo", comentou um homem para a mulher. "Troca! Vamos ver se é desta", ripostou ela. Estavam confiantes de que a sorte ia estar do lado deles. Quem podia ainda saber, certo é que os jackpots já acumulavam nas máquinas: 50 017 euros, 25039... Ninguém parecia ter reparado na mensagem inscrita na parede da entrada: "Ter talento não é ter sorte. A sorte é que exige talento."

Enquanto os populares se deslumbravam com o jogo, começava o desfile de colunáveis de segunda linha na tenda VIP. Fatos pretos, sapatos brilhantes, vestidos justos, sorrisos esticados dos liftings ainda recentes, beijos no ar, muita pose no palanque para os fotógrafos das revistas cor-de-rosa. Não faltaram a Lili Caneças, Carlos Castro, Kiki Espíritio Santo, António Feio, Sousa Cintra, Milton, Maya... Os mesmos de sempre. A festa perdia toda a solenidade e ainda havia muito champagne para comemorar.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt