Quem consegue parar Trump? Cruz? Rubio? Talvez nem Hillary

Milionário venceu na Carolina do Sul e confirmou-se como favorito à nomeação republicana. Ex-primeira dama conseguiu vitória essencial no Nevada
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As primárias ainda agora começaram. Mas quando só três dos 50 estados americanos votaram, Donald Trump parece já ter uma certeza: No fim, vai ser ele contra Hillary Clinton. O magnata, que venceu as primárias de sábado na Carolina do Sul, confirmando a aura de favorito à nomeação republicana, previu ainda "a maior participação de sempre" nas eleições de 8 de novembro em caso de duelo entre ele e a ex-primeira dama, que também venceu os caucus democratas de sábado, mas no Nevada.

Numa entrevista à CNN, Trump garantiu: "Francamente, se ela for nomeada, será a única forma de a parar. Acho que vai ser Hillary contra mim". Mas enquanto o milionário e ex-estrela do reality show The Apprentice pensa na forma de travar Hillary, os adversários republicanos tentam encontrar forma de o travar a ele. Sobretudo Marco Rubio e Ted Cruz. Os senadores da Florida e do Texas ficaram praticamente empatados no segundo lugar na Carolina do Sul, mas dez pontos atrás de Trump (32,5%). Ambos apostam tudo no Nevada, onde os caucus republicanos estão marcados para amanhã e onde tanto Rubio como Cruz, filhos de cubanos, esperam beneficiar do voto hispânico (mais de um quarto da população).

Determinante pode também ser a saída de Jeb Bush da corrida. Depois de um longínquo quarto lugar, o ex-governador da Florida suspendeu a candidatura, desistindo do sonho de colocar o terceiro membro da família na Casa Branca. Os grandes doadores que apoiavam o filho e irmão de presidentes já estão a reencaminhar o dinheiro para a campanha de Rubio, visto como o melhor candidato do sistema.

Ted Cruz, que não conseguiu na Carolina do Sul conquistar o voto evangélico - a maioria votou em Trump - também espera agora beneficiar do voto dos apoiantes dos candidatos que vão saindo de uma corrida reduzida a cinco (além de Trump, Cruz e Rubio, há ainda o governador do Ohio, John Kasich, e o neurocirurgião Ben Carson). Trump, apesar de líder claro, pouco passa dos 30% nas votações.

Nada que preocupe o magnata. "Eles não percebem que à medida que vão desistindo, eu vou ficando com muitos desses votos", garantiu Trump ao USA Today. As sondagens, essas, dão-lhe nova vitória no Nevada, com 39% dos votos, à frente de Cruz com 23% e Rubio com 19%. A confirmar-se uma corrida a três até ao fim das primárias - muito depende da superterça-feira 1 de março, quando forem a votos 15 estados -, aumentam as probabilidades de nenhum dos candidatos chegar à convenção republicana com a maioria clara de delegados, deixando a decisão sobre o nomeado do partido para a reunião de julho em Cleveland, no Ohio.

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Quem vai parar Trump era a pergunta que o New York Times ontem fazia. Num artigo de opinião, Frank Bruni, admite que se quando a campanha começou tinha a certeza que alguém iria travar o milionário "e mandá-lo ao chão", agora tem sérias dúvidas que tal aconteça. "O que os apoiantes de Trump veem é uma pessoa que avança a todo o gás sem pedir desculpas e com uma grandeza que os faz sentir menos pequenos. Veem um vencedor. E já não é uma ilusão".

Ponto de viragem

Depois da curtíssima vitória no Iowa e da pesada derrota frente a Bernie Sanders no New Hampshire, Hillary Clinton precisava urgentemente de ganhar no Nevada se queria recuperar um pouco da aura de inevitabilidade que a sua candidatura já teve. Conseguiu. Se a ex-primeira dama não convenceu - ficou-se pelos 52,7% dos votos, face a 47,2% para Sanders -, a verdade é que venceu e isso pode relançar a sua campanha antes das primárias democratas da Carolina do Sul, no dia 27. As sondagens dão-lhe larga vantagem, muito graças ao voto negro: 60%, contra 32% do senador do Vermont.

"Os americanos têm o direito de estar zangados. Mas também estão sedentos de soluções", garantiu Hillary no discurso da vitória. Com o marido, o ex-presidente Bill Clinton, ao lado, a ex-secretária de Estado sublinhou que a América não é um país "com uma só preocupação. É preciso mais do que um plano para os grandes bancos"

Autodenominado socialista democrático, Sanders tem-se focado na mensagem Wall Street. No discurso da derrota, o senador, de 74 anos, evitou falar na Carolina do Sul, concentrando-se na superterça-feira. Até porque para quem há umas semanas tinha 20 pontos de atraso em relação a Hillary no Nevada, ficar a cinco pode ser visto como uma espécie de vitória.

A mais de oito meses das presidenciais, é ainda cedo para ter certezas sobre quem serão os candidatos de cada partido. Mas em caso de duelo entre Hillary e Trump em novembro, o ultimo estudo USA Today/Suffolk mostra que até mesmo a ex-primeira dama (43% das intenções de voto) pode não conseguir afastar o milionário (45%) da Casa Branca.

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