Queda do investimento e crédito reduz valor das empresas em 2014

Banco de Portugal revela que empresas perderam dimensão mas ganharam alguma autonomia financeira, já que desalavancaram ligeiramente
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Os investimentos financeiros foram os grandes responsáveis pela forte desvalorização do ativo das empresas portuguesas em 2014. De acordo com o Banco de Portugal (BdP), "o total do balanço das empresas não financeiras em Portugal reduziu-se em cerca de 17,6 mil milhões de euros em 2014 em relação ao ano anterior, o que representa uma variação negativa de 3,2%".

"Do lado dos ativos, a redução observa-se essencialmente nos investimentos financeiros", que roubaram cerca de 21 mil milhões de euros ao valor em balanço, revela o banco central numa nota sobre os "resultados das empresas não financeiras da Central de Balanços".

Aquela desvalorização foi "parcialmente compensada por aumentos de caixa e depósitos bancários e de outros ativos".

"Esta redução do balanço deveu-se, em grande medida, à reestruturação iniciada em 2014 no setor das telecomunicações", com especial destaque para a compra da PT pelos franceses da Altice e pelo desaparecimento da holding (PT SGPS) que deu lugar à Pharol.

"Do lado do capital próprio e passivo é de destacar o decréscimo observado nos financiamentos obtidos e nos outros passivos", em linha aliás com a redução do valor canalizado para investimentos financeiros. Os financiamentos obtidos pelas empresas junto dos bancos caíram cerca de 12 mil milhões de euros em 2014. O capital próprio caiu quase quatro mil milhões de euros.

Desalavancagem forçada

Esta desalavancagem quase forçada das empresas nacionais (menos endividamento, mas também menos aplicações financeiras e projetos de investimento) aumentou, claro, a sua autonomia. "A autonomia financeira (capital próprio/total do ativo) das empresas não financeiras em Portugal aumentou de 32,8%, em 2013, para 33,3% em 2014".

O BdP refere ainda que "em 2014 a rendibilidade bruta do capital investido (EBITDA/capital investido) das empresas não financeiras apresentou um ligeiro aumento de 0,2 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano anterior, atingindo os 7,7%". O EBITDA é o resultado antes de depreciações e amortizações, de juros suportados e de impostos. O capital investido é a soma do capital próprio com os financiamentos obtidos.

O Banco diz que relativamente ao primeiro semestre de 2015 há "um aumento de 0,9 p.p. da rendibilidade bruta do capital investido, para 8,6%".

"Este aumento, por comparação ao final de 2014, foi observado para a generalidade dos setores, com exceção do setor da eletricidade, gás e água e das SGPS. O aumento mais expressivo verificou-se no setor dos outros serviços, resultado, em parte, da reestruturação operada no setor das telecomunicações, em 2014", refere ainda o Banco de Portugal.

99% das empresas são pequenas

Em 2014, existiam cerca de 370 mil empresas não financeiras em Portugal. As pequenas e médias empresas (mais as micro) representavam cerca de 99,3% deste universo. Este conjunto de micro e PME tinha 54,3% do total do ativo e 54,9% do total dos rendimentos, diz o BdP.

Em termos setoriais, o agregado "outros serviços" representa cerca de 44,6% do total das empresas não financeiras, com um peso de 26,6% no total do ativo.

"Este agregado inclui, entre outras atividades, o alojamento e restauração, as atividades de informação e comunicação e as de consultoria técnica e administrativa. Por seu turno, o setor do comércio apresentou o maior peso no total dos rendimentos (36,5%), apesar de corresponder apenas a 14,9% do total do ativo e a 27,6% do total das empresas não financeiras."

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